sábado, 23 de fevereiro de 2008

O Fascismo Existiu!

Por inspiração dos meus amigos e companheiros de luta dos blogues que tive o prazer de visitar hoje, deixo aqui também a minha homenagem ao Zeca Afonso. Era eu miúdo quando se deu o 25 de Abril, a Revolução dos Cravos. Não estava em Lisboa nesse dia, mas em Luanda. E, lá, também a Revolução se deu. O fim do fascismo. Quando regressei a Lisboa, ainda em 1974, ouvia-se a música do Zeca por todo o lado, como um símbolo da Libertação.

E, como anarquista, é isto que o Zeca me faz recordar. O fascismo existiu! A longa noite obscurantista, da censura, das perseguições políticas, das prisões, da PIDE-DGS. Do colonialismo. Foram 48 anos de opressão e fecho deste país ao exterior. O ar era irrespirável e só falavam o poder e os seus esbirros.

Como anarquista, alerto para os perigos de qualquer tentativa de encobrimento de que este foi o regime que os capitães de Abril derrotaram para nos fazerem viver em democracia. Agora, pergunto também: que democracia? Não será certamente este regime que estamos a viver, agora, neste dia. O elitismo renasceu, o poder acordou para a sua face negra, autocrática. Vejam só o que o comunicado da Sedes disse sobre o clima que se criou recentemente no sistema político português. Sugiro que leiam este resumo que apresentei no meu site Contracorrente.

Será pela força da resistência dos cidadãos, do seu agrupamento em movimentos cívicos, do seu protesto audível, que esta nova forma de neo-fascismo neoliberal poderá, algum dia, ser travado. Viva o Zeca!

A luta continua!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sem Papas na Língua

O meu grande amigo e companheiro de luta Zé Povinho distinguiu O Anarquista com o selo "Este Blog Não Tem Papas na Língua", acertando em cheio na minha postura anarquista. Ao meu caríssimo amigo os meus maiores agradecimentos. Compete-me, pelo meu lado, nomear um conjunto de blogues merecedores deste selo. São eles:
Naturalmente que todos os meus amigos e companheiros de luta que não foram mencionados especificamente nesta lista se devem também considerar merecedores deste selo. A luta continua!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A Corrupção no Estado



Felizmente, a vida vai tendo seus altos e baixos, para que possamos todos, humanos e desumanos, compreender o seu valor e/ou significado. O que, diga-se, não é garantido que aconteça sempre... Refiro-me à questão da compreensão, porque, pelo meu lado, cada vez compreendo menos certos aspectos da realidade que me rodeia, especialmente a política.

Precisamente um dos aspectos que mais tenho dificuldade em compreender é o facto de situações e problemas que rodeiam o poder e o Estado serem muito dados a modas e tendências, um pouco como se de Alta Costura se tratasse. Tomemos o exemplo da corrupção no Estado. Lebre heroicamente levantada muito recentemente pelo actual bastonário da Ordem dos Advogados e que logo fez rebentar uma bomba - do género das anarquistas, à antiga, pretas e redondas, muito fumarentas - nos círculos dos poderes Judicial, Legislativo e Executivo, pilares da montesquiana (é, não é?) divisão dos Poderes.

Logo o procurador-geral da República nomeou importantes magistrados para severa investigação judicial. Quase de seguida, os chefes de bancada parlamentar de todos os partidos da Oposição interpelaram vigorosamente o chefe do Executivo sobre factos e situações tão chocantes, chegando o líder - parlamentar - do Primeiro Partido da Oposição a propor ao chefe do Governo um debate específico sobre tão grave tema. Respondeu este que não, que não, que já estavam quatorze, catorze, 14, projectos sobre corrupção a ser estudados pela distinta Assembleia e que a coisa demorava o seu tempo, esperem lá, calmex. Passados alguns dias sobre tão enfática recusa do presidente do Conselho de Ministros, o Partido do Governo propõe então, generosamente, a criação de uma entidade para o controlo, ou verificação, ou policiamento, não me recordo agora exactamente do termo - uma coisa tipo o que a ASAE faz com os fumadores - da Corrupção no Estado.

Pergunto então, à laia de Sopa de Letras, ou Sudoku (mais na moda): ficaremos por aqui, ou teremos ainda mais passagens de modelos?

Post scriptum (para evitar siglas desagradáveis): um grande abraço anarquista aos meus amigos solidários. A luta continua!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Savonarola, o Jorge

Alguns - bons - amigos têm-me perguntado porque é que nunca mais aparece um post n'O Anarquista. Acho que devo uma explicação, tanto mais que esta situação me é desconfortável. O "Savonarola", como bem sabem, é o Jorge Borges, mais um cidadão nesta terra de cidadãos oprimidos. E, apesar de anarquista, ou talvez por esse motivo também, conhece os limites da luta política.

O Jorge, eu próprio, está cansado de bradar aos céus. Ando deprimido, em baixo. Por mais apelos que se faça à mobilização contra este governo, nada! A sociedade não se mobiliza, os portugueses andam a aceitar tudo o que lhes é imposto. Nem nos cafés se pode fumar. Parabéns aos não-fumadores, que não morrerão do fumo do tabaco dos outros, mas mais provavelmente do fumo dos automóveis, assim que atravessarem a porta dos cafés que conquistaram para a sua causa!

O Jorge está desempregado há 6 anos, desde que teve um acidente de viação que o deixou semi-paraplégico. Além do mais, como a taxa de desemprego em Portugal baixou, os benefícios fiscais para deficientes aumentaram, 46 anos de idade é uma excelente idade para uma candidatura às Novas Oportunidades, o panorama está bestial para ele. Por outro lado, aufere uma excelente Pensão de Invalidez de 300 euros mensais. Nada mau, hem? Apetece imenso escrever posts, não é?