domingo, 5 de abril de 2009

A democracia novamente em crise

Como anarquista, a minha missão é denunciar todos os erros e abusos cometidos pelo poder e pelo Estado e é a isso que me tenho dedicado neste blogue. Ora, o semanário Sol noticiou ontem que o Alberto Costa, ministro da Justiça do governo Sócrates, alegando falar em nome deste, mandou transmitir aos magistrados do caso Freeport que, se insistissem no processo, poderiam ser objecto de “represálias”. O jornal indica ainda que terá sido Lopes da Mota, o português que preside ao Eurojust, a falar aos magistrados. O caso é de tal ordem que o Paulo Portas defendeu ontem, em declarações ao jornal Público, que o Alberto Costa deve dar explicações ao Parlamento sobre estas pressões, conforme poderão ver nesta notícia que publiquei no meu site Contracorrente.

A democracia portuguesa, sob este governo socialista, atingiu proporções verdadeiramente críticas e excepcionais. O poder Executivo já se permite pressionar o Judicial, para servir os interesses do poder instaurado. Desta forma, as fronteiras legítimas esbatem-se consideravelmente e acho que acabamos confrontados com uma situação totalmente escandalosa. O poder instaurado recorre a qualquer arma para defender os seus interesses e tudo se torna legítimo, como os ministros interferirem na esfera da Justiça sem qualquer pejo. É um processo que se agrava à medida que a maioria, confortavelmente instaurada, impõe a sua vontade, desrespeitando as próprias regras da democracia. Onde iremos parar?

domingo, 15 de fevereiro de 2009

E o governo continua inerte

O governo continua a ignorar a realidade económica e social do país, prometendo apoios que depois não se concretizam. De acordo com esta notícia, as empresas do comércio e reparação automóvel reivindicaram ontem apoios financeiros do Estado e a diminuição da carga fiscal, para atacar a crise instalada em força no sector, que põe em causa 80 mil postos de trabalho. Segundo Jorge Neves da Silva, secretário-geral da ANECRA, “os números não mentem: em Janeiro deste ano, registou-se em Portugal uma quebra de de 43,1 por cento de venda de viaturas novas em relação ao mês homólogo de 2008, e isso ficou a dever-se, essencialmente, ao muito significativo aumento da fiscalidade automóvel”.

Como é que este governo pretende recuperar a economia, facto que tanto apregoa, se continua sem fazer nada em relação ao comércio a à indústria? Os tão propalados incentivos à economia servem para a propaganda governamental, mas não são postos em prática. Ficam letra morta, enquanto a economia, gradualmente se afunda. Como anarquista, não posso deixar de denunciar esta e tantas outras situações em que o governo apregoa, com fins propangadísticos, uma política e deixa cair essa mesma política no esquecimento. O Estado deveria servir para alguma coisa, especialmente neste momento de grave crise económica, mas continua inerte. Uma forte revolução precisa-se. E 80 mil postos de trabalho não é número que se possa ignorar.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Abolição das taxas moderadoras na saúde

As taxas moderadoras de consultas, urgências e actos médicos em hospitais e centros de saúde estão mais caras desde o dia 1 de Fevereiro. A actualização da tabela foi feita através de uma portaria publicada no passado dia 15 em Diário da República, por se considerar que as taxas moderadoras estavam “desactualizadas, quer quanto ao valor, quer quanto à tipologia doas actos”. E assim, desta forma burocrática, simplex, através de mera portaria, se vai mexer no bolso dos contribuintes!

Como anarquista, não posso deixar de exigir o fim de todas as taxas moderadoras na saúde, tanto mais que vivemos em tempos de crise. Que total insensibilidade perante a situação económica actual das famílias permite um aumento das taxas moderadoras na saúde? Passamos todos a pagar mais, por automática e insensível portaria. Chegou o momento de dizer basta. O poder continua a exigir sacrifícios dos cidadãos, sem que estes se possam pronunciar, chegando desta forma aos balcões das secretarias e desembolsando mais e mais dinheiro para o Estado. Os figurões do Estado e do governo, esses, beneficiam de mordomias que não lhes tocam minimamente no seu dinheiro, enquanto o povo, este, empobrece. Chegou o momento de acabar com todas, repito, todas, as taxas moderadoras na saúde. Para bem da saúde da sociedade democrática.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Encobrir, a regra de ouro


Como anarquista, uma das minhas missões prioritárias é a denúncia dos erros cometidos pelo Estado e pelo poder. E eis que surge uma nova situação que prova a associação obscura entre os interesses do Estado e interesses empresariais, no caso Freeport, que envolve a figura do primeiro-ministro, o Sócrates. Segundo notícias recentes, o tio do Sócrates admitiu ter proporcionado o encontro entre o actual primeiro-ministro e um tal de Charles Smith, sócio da Smith & Pedro, empresa contratada para conseguir o licenciamento do Freeport, o “outlet” de Alcochete. Para mais pormenores, sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt.

Num DVD que está na posse das autoridades inglesas desde 2007, é possível ver-se uma conversa entre um administrador inglês da sociedade proprietária do “outlet” de Alcochete e Charles Smith, onde é denunciado o pagamento de “luvas” ao ministro português envolvido no caso. O caso tornou-se público em 2005, quando uma notícia de um dos importantes órgãos de comunicação da nossa praça, a escassos dias das eleições legislativas, divulgou um documento da Polícia Judiciária que mencionava o José Sócrates como um dos suspeitos. Figurava como suspeito de ter assinado um decreto-lei, enquanto ministro do Ambiente, que possibilitava a construção daquela infra-estrutura, já anteriormente chumbada mais do que uma vez, por colidir com os interesses ambientais acordados entre Portugal e a União Europeia.

E o que é que disse o Sócrates, confrontado com toda esta situação? “Eu bem posso falar, porque era ministro do Ambiente. Embora não tivesse participado no licenciamento, o Ministério do Ambiente fê-lo obedecendo a todas as normas e exigências ambientais”. Não duvidamos de que o tenha feito, ilegalmente, encobrindo motivações empresariais. Mais uma vez, temos a prova de que o poder usa de todos os seus estratagemas obscuros para beneficiar interesses privados, saindo, por seu lado, beneficiado. Um escândalo para a clareza da democracia e para a vontade dos cidadãos, como sempre atropelada e vilipendiada. Encobrir, é a regra de ouro do poder e do Estado.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Finalmente, a recessão!

Finalmente, a recessão está aí! Parece que nunca mais desemburrava, mas agora já é pública, até que enfim! Digo isto porque, como anarquista, há muito tempo que tenho reparado que temos estado a viver em recessão económica e não tenho sido só eu a reparar nisto, como todos os cidadãos. Os únicos que têm ignorado este facto têm sido os governantes e os senhores do poder. Naturalmente, não lhes convinha dar sinais negativos à sociedade, para que esta continuasse a viver num doce engano.

Foi preciso que o Banco de Portugal fizesse o anúncio público do estado da nossa economia, para que o facto que tornasse real, palpável, face à classe política. Na terça-feira, foi divulgado o Boletim de Inverno do Banco de Portugal, que referia que o nosso país já se encontrava em recessão técnica nos últimos meses do ano passado e que, em 2009, iria entrar em recessão económica. Ao observar a imediata reacção dos políticos, este facto parecia uma novidade. Já se dizia que era preciso tomar medidas para enfrentar a situação e o próprio Teixeira dos Santos, o das Finanças, falou logo em elaborar um Orçamento suplementar para este ano.

O que é facto é que nós, os portugueses, já andamos a sentir na pele esta recessão desde há bastante tempo. As empresas fecham, o desemprego aumenta, o rendimento das famílias encolhe. Estas têm sido as realidades com as quais o povo tem vivido, independentemente de haver ou não uma recessão declarada. Não é necessário tornar público e oficial um facto que já era vivido, e bem duramente, pelas populações. O que é espantoso neste caso é que o anúncio oficial da recessão económica tenha desperto as consciências do poder. Que já sabiam do facto, bem entendido.