domingo, 28 de dezembro de 2008

Um partido feito de autoritarismo


Como anarquista, procuro estar atento aos sinais que o poder e o Estado dão, em que manifestam a sua própria incongruência. Pretendo, com esta observação, salientar que, apesar de pretender transmitir publicamente uma imagem coesa, o Partido Socialista é composto por múltiplas sensibilidades políticas, a mais evidente das quais é a posição de Manuel Alegre, em diversas ocasiões e de forma muito notória. No entanto, a diversidade de opiniões não se esgota nesta figura histórica. Tornou-se recentemente público que vários dirigentes da esquerda do PS, entre os quais Vera Jardim, Paulo Pedro, Ana Gomes e Maria de Belém Roseira, gostariam de ver assumida por José Sócrates, no próximo congresso do partido, a garantia de que, se for governo após as legislativas de 2009, o PS adoptará medidas fiscais que favoreçam as pessoas mais afectadas pela crise.

De acordo com informações recolhidas pelo jornal Público, a que dei destaque nesta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, este grupo de dirigentes do PS, que foram todos apoiantes de Manuel Alegre em 2004 e que estão unidos por laços comuns de pensamento quanto ao papel do PS, que fortaleceram entre si durante a direcção de Ferro Rodrigues, querem que o PS dê um sinal claro de que é um partido de esquerda, que governa à esquerda e que é também um partido moderno. Mas como é isto possível?

O cunho autoritário que o partido do governo tem assumido sob a liderança de José Sócrates dificulta que se tornem públicas posições contrárias à actual governação, mesmo no interior do próprio PS. Neste caso, o excesso de auto-censura imposta pelos actuais dirigentes do partido do poder transforma-se no veneno que vai corroendo a própria maioria absoluta de que são confortavelmente detentores. Sem que existam sinais de abertura a novas correntes de pensamento, novas alternativas, o PS fechar-se-á cada vez mais sobre si próprio, pagando também essa factura perante o eleitorado. Reforçando a sua atitude autoritária e anti-democrática no nosso regime político.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Boas Festas!


Feliz Natal e Bom Ano são os Votos d'O Anarquista!

Como anarquista, não posso deixar de desejar que todos possam usufruir de um Natal de harmonia e paz, livre dos apelos consumistas a que temos estado sujeitos. Simplicidade, Amizade, devem bastar para que todos aqueles que se amam possam ter uma data feliz, partilhando com os menos afortunados os nossos votos e bens, se possível.

O ano de 2009 que se avizinha prevê-se muito nublado e tempestuoso, nas terras altas e baixas. Será um ano sujeito a ventos fortes de mudança no sistema neoliberal que nos domina. Sairá o capitalismo vitorioso deste 2009? Não creio, se a vontade de muitos estiver unida e determinada a impedi-lo. Unidos venceremos!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O poder anarquista das autarquias

Uma das características fundamentais do movimento anarquista é valorizar a participação dos cidadãos na vida local, na vida das pequenas comunidades em que estão inseridos. Eu próprio, como anarquista convicto, tenho-me dedicado à luta contra o poder e o Estado, precisamente porque são formas de organização social que se distanciaram das necessidades específicas dos indivíduos. Tornaram-se mecanismos autónomos, por muito representativos que se auto-proclamem, que servem as suas próprias necessidades e a daqueles que deles se apoderaram, ignorando o povo e as suas reivindicações.

Uma das grandes vitórias do 25 de Abril foi a valorização das autarquias e do poder local como forma de organização política e social. Claro que, desde os primórdios da sua criação, em 1976, até à actualidade, sofreram influências negativas e acabaram por ser como que "colonizados" pelo poder central. A corrupção apoderou-se dos municípios, tal como da restante máquina do Estado à qual pertencem. Passaram a fazer parte do outro lado da barreira, contrariando os propósitos para os quais foram originalmente criados. Neste domínio, grande parte da responsabilidade cabe aos partidos políticos, à partidocracia reinante, que se apoderou do poder local para servir os seus próprios interesses. A partidocracia destruiu, mais uma vez, o ideal utópico de uma organização de e para os cidadãos.

No entanto, subsistem ainda algumas résteas dos seus princípios teóricos originais e é disso que vos venho falar. O presidente da Associação Nacional de Municípios, o Fernando Ruas, lamentou recentemente que o "governo tenha arrastado os pés" no que respeita à descentralização de competências na área social. Mas garantiu que, de qualquer forma, "em época de crise os cidadãos poderão contar com a ajuda das Câmaras Municipais". Estas já tomaram medidas que implicam prescindirem de 555 milhões de euros e vão também "replicar as boas práticas que começam a surgir em resposta aos problemas específicos das populações", prometeu Ruas. Para mais pormenores, sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt.

Apesar de todas as tentativas enganosas do Estado e do governo para ajudarem os cidadãos a enfrentar a actual crise, o que é facto é que quem tem saído privilegiado das medidas até agora tomadas têm sido os grandes, muito em especial os senhores da banca. Embora o discurso oficial contemple, para dourar a pílula, os desprotegidos e os mais pobres, pouco se faz a favor desta vasta camada do povo, em crescimento assustador. Ora, segundo o Fernando Ruas, o que é que as autarquias podem fazer? Por exemplo, a câmara de Viseu, presidida por ele, deverá pôr a funcionar, em breve, um restaurante social que vai garantir o fornecimento de 120 refeições diárias. Outras autarquias optaram por baixar as tarifas de água ou apoiar o arrendamento de habitação para pessoas com baixos rendimentos. Até ao final do mês, reúnem diversas assembleias municipais que poderão vir a tomar, também, medidas de redução de taxas e de impostos "para não retirarem liquidez às famílias", afirmou este autarca.

Posso afirmar, conscientemente: que distância em relação ao governo Sócrates e ao poder central! Como anarquista, regozijo-me com o facto de que ainda há formas de combate ao centralismo deste poder neoliberal desumano que nos abafa. De que, apesar de tudo, "o povo é quem mais ordena"!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um movimento de massas anarquista


Como anarquista convicto, tenho-me dedicado neste blogue à luta permanente contra o poder e o Estado, especialmente no que toca à realidade portuguesa. Contudo, o anarquismo pretende igualmente ser internacionalista e ignora os limites impostos artificialmente pelas fronteiras entre os Estados. Por esse motivo, venho agora dar destaque a um acontecimento internacional da maior importância para a luta anarquista. Num movimento único pela sua dimensão e significado, pelo sexto dia consecutivo, a Grécia foi ontem palco de novos confrontos, no rescaldo da morte de um adolescente de 15 anos pela polícia, no sábado passado. Em Atenas ocorreram confrontos entre jovens e agentes da autoridade, frente à Faculdade de Economia, ocupada pelos estudantes. Para além dos confrontos ocorridos frente à Faculdade, registaram-se igualmente alguns incidentes diante da prisão de Korydallos, em Atenas, a principal do país, e em outros dois bairros da capital grega. Para mais pormenores, sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt.

Como se não bastasse, a agitação grega espalhou-se entretanto até Espanha – a Madrid e a Barcelona – e um um atacante lançou um engenho incendiário, na noite do dia anterior, contra o consulado grego em Moscovo. Em Bordéus, no sudoeste de França, dois carros foram incendiados diante do consulado da Grécia. De acordo com uma fonte policial, 15 estabelecimentos universitários e uma centena de liceus em Atenas e Salónica, a segunda maior cidade grega, estão ocupados desde o início da semana por estudantes e jovens, em sinal de protesto contra a morte do adolescente. A Grécia está, desta forma, mergulhada numa onda de violência urbana sem precedentes desde a restauração da democracia, em 1974.

Não há autoridade ou forma de poder que consiga travar uma onda tão violenta e vasta como esta, utilizando os seus meios tradicionais. Um movimento tão espontâneo como este mergulha definitivamente as suas raízes num descontentamento generalizado das massas populares face ao sistema estabelecido. O porquê e o quando este movimento teve o seu início não é tão importante quanto o seu significado perante a forma de funcionamento das democracias ocidentais. Encurralados em sistemas partidários rígidos, os regimes parlamentares encontram-se de costas voltadas às verdadeiras necessidades do povo que deveriam representar. Um movimento de massas anarquista e libertário de tal amplitude mina, em última análise, a forma como os actuais regimes democráticos neoliberais estão organizados. Elitistas e corruptos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Greve histórica dos professores


Como seria de esperar neste tipo de conflito de interesses, a greve dos professores de ontem foi alvo de posições diferentes quanto aos números de adesão. O Ministério da Educação admitiu que a greve teve o que designou por "adesão significativa", de 61 por cento, e que a paralisação obrigou ao encerramento de 30 por cento das escolas do país. No entanto, o balanço do Ministério ficou longe dos números da Plataforma Sindical de Professores, segundo a qual a paralisação foi a maior de sempre no sector, com uma adesão de 94 por cento. Para mais pormenores sugiro a leitura desta notícia, que publiquei no meu site Contracorrente, extraída do jornal Publico.pt.

A Plataforma Sindical dos Professores anunciou, em conferência de imprensa, que esta greve teve o que designou como uma participação "histórica". "É a maior greve de sempre dos professores em Portugal, salientou Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma e secretário-geral da Fenprof, que recordou a paralisação de 1989 como a segunda maior depois desta e onde os números se ficaram pelos 90 por cento. Mário Nogueira escusou-se a comentar os números avançados pelo governo. "Nem sequer os discutimos, o que nós registamos daquilo que foi dito pelo governo foi que pela primeira vez teve a capacidade de dizer que estávamos perante uma greve significativa".

Pondo de lado esta típica guerra de números, na qual o governo aposta em minimizar a magnitude deste movimento laboral, a conclusão que podemos tirar desta greve dos professores é que se criou um fosso entre a atitude arrogante do poder e a luta de todo um vasto conjunto de profissionais que exigem peremptoriamente o respeito pelos seus direitos. A alternativa a este, como a todos os modelos autoritários de poder, encontra-se nos movimentos contestatários que percorrem horizontalmente a sociedade. Esta teria sido a ocasião para um governo democrático reconhecer que errou e agir em conformidade com esse facto. No entanto, o governo PS continua agarrado à sua confortável maioria absoluta, permitindo-se ignorar, desta forma, as vozes do povo que o elegeu.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mais sacrifícios?

O povo está desperto? O ideal seria que mais pessoas despertassem para a necessidade de se manifestarem, dizerem de sua justiça, juntarem-se em movimentos organizados, ou simplesmente com propósitos específicos, como, por exemplo, defenderem os interesses da sua classe laboral. Este governo do Sócrates e da maioria absoluta “socialista” está fechado no seu pedestal autoritário e, sobretudo, surdo. Surdo às reivindicações de todo um povo, ao qual têm sido feitas exigências inaceitáveis.

As pessoas têm vindo a apertar o cinto desde que o governo, subserviente a Bruxelas, decretou que ia reduzir o défice até ao valor determinado pela União Europeia. À custa de imensos sacrifícios, as pessoas, as famílias, lá sofreram esse embate/embuste de ter que reduzir a sua já difícil vida ao mínimo indispensável. Pergunto-me também como é que se reduz um orçamento familiar, quando ele não existe sequer, como no caso dos desempregados.

Agora, o sistema económico global – um sistema indiferente às pessoas, contabilizadas como números – entrou em profunda crise. Nacionalizam-se bancos, injecta-se dinheiro noutros, entre tantas outras medidas para garantir, na medida do impossível, a sobrevivência deste sistema capitalista neoliberal globalizado. Medidas tomadas por governos e Estados, nomeadamente o nosso, o português. Assistimos agora a um novo cenário de dramatização política. A “crise” irá, mais uma vez, adiar a melhoria das condições de vida do povo?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O peso dos movimentos cívicos


Como anarquista, concordo com a posição de Manuel Alegre, no que toca à arrogância da actual ministra da Educação perante a grande manifestação de professores, que teve recentemente lugar em Lisboa. Manuel Alegre fez uma análise detalhada deste fenómeno no editorial da revista Ops!, publicado no site do MIC, do qual fazemos eco nesta notícia que publicámos no Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt.

Trata-se de um fenómeno - esta concentração única de cidadãos em torno de um mesmo projecto - que não pode nem deve ser ignorado pelo poder instituído, especialmente quando o mesmo se auto-intitula "socialista". A vontade das classes profissionais tem de ser ouvida pelos detentores dos cargos públicos, de forma a que o poder não trabalhe de forma autocrática, como é o caso da actual ministra da Educação, na sua recusa obstinada em valorizar as exigências dos professores.

É neste domínio da defesa dos interesses dos cidadãos que os movimentos cívicos como o MIC e tantos outros têm um importantíssimo papel a desempenhar na democracia do terceiro milénio. Uma democracia que se pretende participada por todos e não apenas pelos órgãos sindicais e partidos políticos institucionalmente estabelecidos. Esta é a minha actual perspectiva enquanto anarquista, dedicado à luta contra o poder e contra o Estado.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ainda na cauda da Europa

Como anarquista, estou permanentemente em estado de alerta face às mais recônditas e obscuras manobras do poder, o que significa que, por um lado, nem sempre me surge a ocasião para publicar aqui n'O Anarquista com a periodicidade que bem gostaria de ter, e, por outro lado, os factos surgem agora tão em catadupa que não dá para esperar o momento ideal para atacar. No fundo, o anarquista é aquela fera que tem que aguardar o momento ideal para atacar a sua presa: o Estado e o governo.

Com o desencadear da actual crise financeira internacional, os poderes em Portugal têm agido com demasiada lentidão. O Sócrates, o Teixeira dos Santos, todos os detentores de cargos públicos, têm andado a passo de caracol para reagir a esta nova tempestade, que vem finalmente trazer a lume todas as fraquezas do neoliberalismo e do capitalismo, para as quais já o próprio Karl Marx – imagine-se! - tinha alertado. Basta ter o tempo e a vontade de pegar nas suas obras mais significativas...

Finalmente, só ontem foram aprovados pela maioria socialista na Assembleia da República, com a oposição de todos os outros partidos, a proposta de nacionalização do Banco Português de Negócios e o regime jurídico das nacionalizações! (Sugiro a leitura desta notícia que publiquei no Contracorrente, para conhecer mais pormenores sobre estes factos). Como se a palavra “nacionalização” fizesse recordar o PREC e o regime comunista-estalinista que se viveram no século passado como autênticos pesadelos. Ora, os factos impõem-se agora com dureza face ao nosso Estado e governo neoliberais: tornou-se agora imperioso nacionalizar bancos, para que o sistema financeiro não se afunde. Outros governos neoliberais já o fizeram nos seus próprios países e, mais uma vez, Portugal continua na cauda da Europa.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A crise do capitalismo

O capitalismo neoliberal já começou a apresentar brechas internas muito profundas, com esta recente crise global do sistema financeiro. No início, os governos tentaram minimizar a situação, mas cedo se deram conta de que o descalabro iria avançar muito depressa. Há que ter em conta que o sistema político e todas as mordomias a ele associado depende visceralmente do sistema económico. Por muito que os neoliberais economicistas defendam a teoria de que o Estado não deve - de forma nenhuma! - intervir no natural funcionamento de economia, viu-se agora quão errado eles estavam. Em desespero, os governos neoliberais começaram a interferir na esfera do económico, contradizendo os princípios por que se têm regido. Até o Sócrates alinhou com os grandes.

Como anarquista, a minha linha de acção é o combate ao poder e ao Estado, denunciando os seus erros e falácias e, em última análise, procurando demonstrar a sua inutilidade para a felicidade dos povos, para a plena realização de uma sociedade construída de e pelos cidadãos. Este desmoronar súbito e quase sem aviso do sistema financeiro capitalista pode e deve construir uma esperança para os povos de que nada permanece imutável e de que a Liberdade e a Democracia ainda estão ao alcance do povo.

domingo, 5 de outubro de 2008

Não mexem uma palha?

O mundo está a atravessar uma fase de crise financeira sem precedentes, de tal gravidade que há reputados especialistas a alertar para a iminência de um afundamento global do sistema financeiro. Face a esta situação de extrema gravidade, que envolve biliões de seres humanos em todo o planeta, são já inúmeros os governos que tomam medidas para travar este processo, inclusivamente contestanto, na prática, os seus próprios princípios neoliberais, nomeadamente o de que na economia não se mexe.

O governo português é tão, tão neoliberal que ainda nem mexeu uma palha. Propostas de medidas para intervir nesta crise não têm faltado, vindas de todos os sectores politico-ideológicos. Como anarquista, não consigo deixar de chamar a atenção para a ironia de que, combatendo eu próprio o poder e o Estado, esteja a apontar baterias contra eles por não mexerem uma palha, como se a sua existência fosse imprescindível. Neste momento, é! Afinal, o Estado existe para cumprir determinadas funções, não é verdade? E, então, pergunto-me: o governo PS não devia agir, como o fazem os outros governos do mundo?

domingo, 7 de setembro de 2008

Porquê regressar?


Embora esteja longe de ser detentor de qualquer tipo de “verdade” política absoluta, como anarquista tenho reafirmado claramente o que me leva a exercer este tipo de acção ferozmente crítica face ao poder instituído e ao Estado. De uma forma geral, posso afirmar que nenhum dos três poderes democráticos, o Executivo, o Legislativo e o Judicial, trabalham actualmente com total clareza e honestidade face à sociedade que é suposto servirem.

O Paulo Pedroso vai retomar o seu lugar de deputado na Assembleia da República na próxima segunda-feira, segundo anunciou formalmente o líder da bancada socialista, o Alberto Martins. Conforme podem ler nesta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, que retirei do jornal Publico.pt, o líder da bancada do PS comunicou ao presidente da Assembleia da República que “cessaram as razões, por este [Paulo Pedroso] em tempo invocadas, de impossibilidade temporária para o exercício do mandato de deputado”.

Ora, o Pedroso regressa à sua casa-Mãe, o Parlamento, depois de ter sido judicialmente absolvido de uma série de processos que, ao que parece, lhe foram infamemente, ou qualquer coisa parecida, movidos por envolvimento – ou então, melhor dizendo, não-envolvimento – numa série de crimes conhecidos pelo “caso Casa Pia”, muito na berra aqui há uns anos. Coisas de pedofilia, das quais o Pedroso sai de cara lavada e erguida, para voltar a ser deputado. Como e porque é que se regressa a tão elevado cargo, depois de um processo judicial tão complicado, mediático e escandaloso?

sábado, 30 de agosto de 2008

Mais autoritarismo ainda

Como anarquista, luto contra o poder instituído e contra o Estado, tendo em vista construir uma sociedade mais livre e democrática. Desta forma, não tenho hesitado em denunciar todas as artimanhas usadas pelo governo e diferentes órgãos de soberania, partidos políticos incluídos, no sentido de impedir a construção dessa sociedade por que anseio. O anarquismo bombista já teve a sua época. O anarquismo moderno, tal como o entendo, utiliza as armas dos conceitos e das ideias para fazer valer os seus pontos de vista. Esta é a minha forma de luta.

Vem esta introdução a propósito do facto de o Portas ter defendido ontem o recrutamento especial de 4000 efectivos para a GNR e PSP, a instalação de videovigilância nos “bairros problemáticos” e o cumprimento integral de penas nos crimes “mais graves” como formas de combater a criminalidade violenta. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt, para que possam ter uma ideia mais completa do contexto em que estas afirmações foram produzidas.

Finalmente, uma direita assumida! Porque o PSD tem andado, nesta matéria da criminalidade violenta, muito brando para com este governo de bloco central que, no fundo, gostaria de ser. Ora, o governo socialista não tem andado com meias-medidas no que diz respeito à segurança interna, reforçando o papel do Executivo em matérias que deveriam pertencer ao Judicial, como é já do conhecimento geral. E então, não é que vem a direita, ainda, exigir mais autoritarismo de um Estado que já dispõe dele em abundância? Esta manobra da direita mais não fará do que permitir ao Sócrates dizer o quão democráticos os socialistas são, afinal.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Acabou Este Verão

Com a aproximação do mau tempo, com o fim das férias, voltam os políticos aos seus lugares. Voltam os anarquistas, os comunistas, os socialistas, os ambientalistas, os bloquistas, os istas, os direitistas, os extremo-esquerdistas, os extremo-direitistas, todos, todos!

As férias chegaram ao fim, a brincadeira acabou. Começa outra brincadeira, mas muito mais "séria". Será que queremos participar nela? A questão nem se põe, porque temos mesmo que participar!

Caso contrário, levam-nos os brinquedos do Verão, os sonhos, a liberdade! Eu, por exemplo, ainda quero outras férias em liberdade... Eu, que nem as gozei, tal como a maioria, que nem férias teve!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

De regresso ferozmente neoliberal

Nas palavras do Francisco Louçã, "o primeiro-ministro voltou de férias e escolheu, no primeiro dia do último ano do seu mandato, falar de desemprego e prometeu que agora sim, o seu governo quer resolver o problema, está empenhado, até tem uma solução". Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt, para mais pormenores. E então, pergunto eu, que solução é que o Sócrates inventou desta vez para resolver este tão grave problema do desemprego?

O Sócrates foi apresentar o grande projecto da PT, um enorme"call-center" localizado em Santo Tirso, que irá criar 1200 novos postos de trabalho. Só que estes novos trabalhadores serão submetidos ao tristemente conhecido sistema de trabalho precário. Os contratos serão celebrados por uma empresa de trabalho precário da própria PT, que contrata o trabalhador por um prazo certo, sem garantias de carreira.

Já que temos um "governo", seria importante que este governasse de acordo com o que seria lógico esperar dele: a imposição ao mercado de regras. Pelo contrário, aquilo a que continuamos a assistir é a um pacto Estado-empresas, no qual o factor trabalhador ou o factor cidadão foram deliberadamente excluídos. No seu regresso de férias, o Sócrates e o seu governo vêm mais ferozmente neoliberais do que nunca.

sábado, 16 de agosto de 2008

Vamos todos assaltar bancos!

O deputado do CDS-PP, o Nuno Magalhães, questionou o ministro da Administração Interna, o Rui Pereira, sobre o "surto de assaltos" a bancos no primeiro no primeiro trimestre do ano, exigindo medidas para a segurança dos cidadãos. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt, para um melhor conhecimento destes factos que refiro.

Como anarquista, pontuo a minha acção pelo combate ao poder e ao Estado, até à sua completa extinção. Para que possamos - finalmente! - viver numa sociedade livre e democrática, criada pelos e para os cidadãos. É por este motivo que aplaudo de pé e veementemente as recentes acções de verdadeira e assumida banditagem contra os bancos, a que recentemente temos assistido. Digo-vos: estes ladrões são dignos do nosso aplauso e homenagem.

Do que estamos a precisar não é de mais polícias para defender estes bancos opulentos que se instalaram no seio da nossa sociedade, parasitando-a e sugando-lhe o sangue, mas de menos bancos oportunistas, que nos roubam as parcas economias e vão colocá-las offshore, para as investir lá fora. E este país fica a ver navios. Toca mas é de comprar Berettas 92, como a da foto, e irmos todos assaltar bancos!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

LIVRE!

Durante 6 anos, este desprezível ser da foto ao lado semeou a guerra, a morte, a destruição, por todo o nosso planeta. Entre 1939 e 1945 (corrijam-me se estou errado, por favor), deu início àquela que ficou conhecida como a Segunda Guerra Mundial.

No seu próprio país e nos países que selvaticamente conquistou pela força das armas implantou um regime político que ninguém jamais esquecerá, pela sua desumanidade e crueldade.

Venho aqui, com dor, lembrar este triste episódio da História da Humanidade. Como anarquista, porque luto contra o poder e o Estado, mas sobretudo como cidadão livre e democrático de um mundo que se afunda no desrespeito por um dos valores e direitos inalienáveis do Ser Humano. O valor e o direito de ser

LIVRE!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Ali, ali, viram?



Dado o Estado a que isto chegou, citando Salgueiro Maia, resolvi vir para a Serra da Estrela, organizar uma pequena célula de resistência. Aqui vos deixo algumas imagens amadorísticas, ilustrativas do que o nosso pequeno grupo anda a fazer, aqui nas montanhas. Há um homem de barbas que tem a mania de se pôr em frente das câmaras e dos grupos, mas o tipo é um chato, com a mania de que é chefe (ele há cada um). Também dizem que é parecido com uma estrela muito na berra, mas não passa de um chato!

Lamento a dobragem em árabe, mas foi o melhor que consegui para não sermos apanhados pelo novo secretário-geral da segurança, muito amigo lá das patuscadas do Sócrates, onde todos fumam como uns cavalos...

Eu estou ali, ali, viram?

terça-feira, 22 de julho de 2008

Casamentos Gay? Sim, claro!


Casamentos Gay? Sim, claro!

O novo líder da Juventude Socialista (não confundir com a outra, a nacional-socialista), o Duarte Cordeiro, afirmou no domingo passado que o casamento homossexual "é uma imposição do princípio de igualdade". Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt, para que possam ter uma ideia mais abrangente sobre este tema.

Reconheço que a questão é polémica, levanta um vastíssimo leque de opiniões e de exaltadas condenações inquisitoriais, desde as éticas às religiosas, passando pelos traumas de uma sociedade que não se reconhece numa minoria que teima em fazer valer os seus direitos. A opção afectiva, a sexualidade de cada um, não deveria ser posta em causa numa sociedade adulta e democrática. Como anarquista, defendo o direito das minorias sociais a praticar os seus princípios integralmente, desde que não colidam com os igualmente respeitáveis direitos da maioria. Pensemos nas minorias étnicas, como os ciganos, por exemplo, e no direito que lhes assiste de viverem de acordo com as suas tradições.

Seria interessante ver o nosso país, mais uma vez, liderar uma nova revolução mental. Os descobrimentos portugueses dos séculos XV e XVI, que orgulhosamente concretizámos, abriram as mentalidades de uma Europa que só reconhecia, até esse momento, a validade dos seus princípios medievais. Lancemos um novo desafio a este cinzento terceiro milénio: a concretização do sonho de alguns cidadãos e cidadãs, ainda que em minoria. A Grande Revolução Anarquista assim o exige!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Quem tocaria nos divinos lucros?

Como anarquista, tenho desde sempre defendido, para mim próprio, uma posição apartidária, para que não se julgue que estou ou não a defender subrepticiamente este ou aquele partido. Não gosto de nenhum deles, especialmente porque todos eles visam a conquista do poder e de um lugar no Estado (do qual já dispõem, inerente à sua própria condição de partido político). Ora, a minha causa anarquista, como os meus amigos e visitantes bem conhecem, é o combate ao poder e ao Estado.

Estes considerandos prévios têm a ver com o facto de o PCP ter apresentado na Assembleia da República sete projectos de resolução para combater a crise social em que temos vivido, todos eles chumbados com os votos contra do PS - claro! - e abstenções e votos contra dos restantes, sim, restantes partidos da direita. Para uma ideia mais concreta sobre as propostas em questão, sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt.

Estou plenamente convencido de que os comunistas do nosso século perderam aquele terrível hábito, muito característico deles, de comer criancinhas ao pequeno almoço. O que, naturalmente, os tornava hediondos perante o olhar de qualquer pessoa civilizada do século passado. Por outro lado, embora possam ainda sofrer de algumas maleitas herdadas da sua tendência estalinista do passado, que muito me repugna, são importantíssimos baluartes, nos dias tremendamente neoliberais que correm, da democracia e dos direitos sociais. Por exemplo, uma das propostas que apresentaram no Parlamento recomendava a adopção de medidas para limitar o preço dos bens essenciais. Mas quem?, quem?, num sistema político dominado pelas grandes empresas, se atreveria a tocar nos seus tão divinizados lucros?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Sócrates beneficia pobres empresas

O nosso "amigo do povo", o Sócrates, veio "produzir" - como se diz agora nos media da moda - estas extraordinárias afirmações, perante uma vasta [sic] plateia de 200 empresários, em ralação [sic] às quais não resisto a fazer um pequeno resumo, que aviso desde já, poder chocar os últimos defensores da Democracia e seus ultrapassados princípios, do século passado, completamente fora de moda, como os do anarquismo, entre os quais me incluo...

Pois este não-engenheiro sublinhou, na passada sexta-feira à noitinha - digo isto porque tenho ideia de se ter falado nos "ligeiros atrasos do PM", de cerca de uma hora, mais coisa menos coisa, aos compromissos públicos (garanto que não estou a "boatar", não lhe vá dar o ataque de me processar, que lhe dão logo razão os recursos tribunalícios, e esta também é arriscada...) - sublinhou, repito, o compromisso do governo dele e do PS em continuar a reduzir os custos administrativos das pobres das empresas, especialmente os decorrentes (chique, hã?, à la Sôcrâtes) da relação com o Estado: que eu, pessoalmente, abomino, como sabem os meus amigos e visitantes.

Para mais esclarecimentos, sugiro que leiam esta notícia, no Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt. Daqui, julgo eu que ele vai ajudar o patronato a impor-se perante os reivindicativos trabalhadores, que têm a mania que querem emprego e que recusam a revisão do Código do Trabalho, os malandros. Vivaço, não é?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Manuel Alegre na luta contra a pobreza


O espírito tacanho que herdámos da longa noite fascista dificulta-nos frequentemente captar os novos fenómenos políticos que foram surgindo nesta era em que vivemos. Talvez possamos perder esta onda, se não fizermos um esforço para nos adaptar. Confesso que eu próprio sofro do mesmo mal, sempre que tento ver a política à maneira do século XX, do milénio que ficou para trás. No entanto, luto contra o comodismo, contra a acomodação, como anarquista que me prezo de ser.

Agitou os frios corredores do poder a recente atitude do Manuel Alegre, que resolveu participar activamente num comício contra as desigualdades e as injustiças sociais, que juntou em Lisboa militantes e apoiantes do Bloco de Esquerda e da Renovação Comunista, além de "históricos" do Partido Socialista. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt, para mais pormenores sobre este evento único.

Manuel Alegre, que declarou estar no comício para "quebrar o tabu e o preconceito segundo o qual as esquerdas não se podem unir", afirmou que "a pobreza é uma tragédia, não é uma fatalidade como a direita quer fazer crer, mas um problema estrutural que resulta de um esquema económico". Sendo assim, pergunto eu, porque motivo é que fazemos perdurar este mesmo esquema económico, conhecendo-lhe todos os defeitos e todas as terríveis consequências sociais? Seremos masoquistas? O que é que mantem no poder um PS que governa contra os cidadãos?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sócrates susceptível

Como anarquista que me orgulho de ser, interpreto como uma das minhas missões pôr a nu o podres do poder, para melhor o combater. Este governo do senhor Sócrates - o que queria ser engenheiro, mas não é - está tão cheio de podres, que se torna difícil dar destaque a um sobre o outro. É esta a difícil tarefa deste anarquista que vos escreve.

Mas, comecemos por algum lado. Hoje veio a lume no jornal Publico.pt, que o José Sócrates vai recorrer do acórdão da Relação de Lisboa que o condenou a pagar uma indemnização de 10 mil euros ao jornalista do Público, José António Cerejo. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no Contracorrente sobre esta questão, para mais pormenores.

Já nesse tempo o Sócrates era uma pessoa muito susceptível, tendo enviado uma carta àquele jornal em Março de 2001 - altura em que já era ministro do Ambiente e queria queimar os lixos altamente tóxicos nas cimenteiras - carta essa em que acusava o jornalista de padecer de "delírio, servindo (...) propósitos estranhos à actividade jornalística". No imaginário socrático, o que o jornalista queria era impedi-lo de vir a ser primeiro-ministro, acho eu. Porque o Sócrates, agora em pleno uso de todo o poder - ele é o governo, a maioria absoluta parlamentar - continua a processar quem lhe belisque minimamente a sua, dele, Imagem.

domingo, 18 de maio de 2008

Uma falsa concertação


A minha postura anarquista impede-me de fazer alinhamentos partidários, colagens a este ou àquele partido, conforme os meus amigos e visitantes têm verificado ao longo dos anos em que mantenho este blogue. Mas quando algum partido político critica o poder instituído e o Estado, então sim, falamos a mesma linguagem!

Ora, o PCP, pela voz do Jerónimo de Sousa, disse recentemente umas verdades bem cruas e verdadeiras ao governo do Sócrates, conforme poderão ver nesta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt. E o Jerónimo de Sousa disse que "José Sócrates e o seu governo não estão na concertação para obter um acordo entre patrões e sindicatos. Estão para impor o essencial das suas propostas, que são as que melhor servem o patronato". E eu acrescento: o governo quer manipular as negociações e distorcer o próprio significado da palavra "concertação".

Já é bastamente do conhecimento público que as propostas de revisão do Código do Trabalho, engendradas descaradamente pelo Vieira da Silva, vão atacar direitos dos trabalhadores consagrados há décadas de democracia. A precariedade do trabalho é um dos mais graves atentados a estes mesmos direitos, tornando o trabalhador uma peça, um número, numa máquina economicista. Capitalista.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Impor democraticamente

Este governo que nos calhou em triste sorte – como aliás todos os governos, na óptica anarquista – continua a tentar impor pela via supostamente democrática directivas e orientações que as pessoas, os sindicatos, não querem. Diga-se, de passagem, que “impor democraticamente” é um novo conceito, retirado da não-ideologia destes pêésses que nos governam.

Conforme podem ver nesta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, os sindicatos e o governo não chegaram a acordo sobre a proposta de contrato de trabalho em funções públicas. A explicação é dada pelo próprio governante responsável por estas negociações, que afirma: “não se trata de cedências, trata-se de ouvir os sindicatos e perceber se essas propostas se adequam ao espírito da reforma que é adaptar o novo contrato de trabalho ao Código de Trabalho”.

Espectacular. O governo parte para as negociações com os sindicatos com uma meta predefinida, que espera vir a ser aceite natural e cordatamente pelos sindicatos. Nesse caso, para quê negociar? Para dar um ar de democracia? Naturalmente que os sindicatos não estão dispostos a aceitar esta postura ditatorial por parte do governo. Mais uma vez, o Estado pretende impor relações laborais com os seus próprios trabalhadores do mesmo tipo das empresas privadas. Estado-Empresa, eis a nova cara do poder nacional-socialista do Sócrates.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O Dia do Trabalhador

Estou desempregado neste momento e desde há uns bons e longos momentos atrás. Mas sempre fui um trabalhador! E serei, quando voltar a sê-lo. Escrevo este testemunho no fim do Dia do Trabalhador, no 1º de Maio de 2008, porque tenho direito, como todos nós, a este feriado. Conquistado.

O sistema, o poder e a sua legislação empresarial, andam a atirar as pessoas para o desemprego. Esta revisão do Código do Trabalho não augura nada de bom, dizem os sindicatos. A precariedade impera livremente, a fome instala-se dentro das nossas casas. Os famintos não enfraqueceram, fortaleceram a sua vontade de lutar.

Não basta odiar. É preciso agir! JÁ!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A Nova Polícia Política

A saga do novo regime socialista continua, sempre com situações a justificar-lhe o novo nome de regime nacional-socialista. Por muito que o governo instaurado não goste de se ver retratado desta forma, porque se reclamam do socialismo, da preocupação social, das políticas para o povo, etc, este é o termo que, como anarquista, acho que melhor o define. É que os nazis também tinham preocupações sociais quando nasceram, lá na Alemanha, na década de 20 do século passado.

Ora, este novo regime português – o dos socialistas – além dos muitos atropelos à democracia que tem feito, criou agora o núcleo da sua nova polícia política: a ASAE. Uma polícia cujas atribuições crescem, fora dos olhares do público em geral, como convém. Desta feita, foi o Paulo Portas – imaginem! - que denunciou a situação. Por seu lado, o jornal Correio da Manhã (CM) foi investigar e confirmou os factos. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre este assunto.

Segundo as novas revelações, os inspectores da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a ASAE, têm ordens superiores para realizar este ano 240 suspensões de actividades e 80 detenções, só na Região Norte. O documento, a que o CM teve acesso, estabelece o plano de actividade para 2008, onde estão fixados os objectivos para os 40 inspectores da Direcção Regional do Norte. Reparem: duas detenções e seis suspensões de actividade por inspector! Temos agora uma polícia que determina o número de vítimas que vai fazer. Uma nova polícia deste desumano Estado neoliberal em que vivemos.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 de Abril Sempre!


No dia 25 de Abril de 1974, os militares saíram à rua e depuseram o regime fascista, que dominou Portugal durante 48 anos. Foi a Revolução dos Cravos. A partir dessa data, o nosso país iria viver em democracia e em liberdade. Esta foi a herança que o Movimento das Forças Armadas, o MFA, nos transmitiu há 34 anos. Vamos, então, comemorar esta data gloriosa.

Como anarquista, não posso deixar de dizer aqui que o 25 de Abril de 2008 é bem diferente. A situação política deste país está lastimável e parece termos voltado aos tempos cinzentos da ditadura. Uma maioria absoluta - supostamente democrática - dita as leis a seu bel-prazer, ignorando as conquistas de Abril. O sistema neoliberal impera e impõe os ditames de um tipo de capitalismo desumanizado. Por isto tudo, devemos reafirmar, alto e bom som:

25 DE ABRIL SEMPRE!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Contra o trabalho precário!

Como anarquista, tenho defendido a ideia de que será através de um amplo movimento de massas que o sistema capitalista actual poderá, algum dia, cair. No nosso país temos assistido a um crescendo destes movimentos populares nos últimos tempos. Por muito que vá - e estou certo de que vai! - contra a vontade do poder instituído, a partir do momento em que as pessoas adquirem determinado grau de consciencialização, não há caminho de regresso. De regresso à pura e simples alienação.

Vêm estas ideias na sequência da manifestação que a CGTP organizou ontem em Lisboa, contra o possível agravamento do Código do Trabalho. O Carvalho da Silva – talvez dos últimos símbolos de um sindicalismo que tende, segundo ele mesmo pensa, a entrar em declínio – referiu, perante os milhares de pessoas presentes na manif, o princípio do tratamento mais favorável. Este princípio, definido no Código do Trabalho, estabelece as garantias mínimas abaixo das quais não é possível negociar. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta manifestação, retirada do jornal Público.pt.

Outros dos temas que esteve na base desta manifestação e que mais preocupa as pessoas é a precariedade do trabalho. Esta é, certamente, uma das questões mais chocantes do regime capitalista sob o qual vivemos. O tipo de contrato, ou a sua ausência, que as empresas, o patronato e o próprio Estado preferem é aquele em que o indivíduo deixa de contar como pessoa e passa a ser mero número. Peça duma máquina que o vai triturar, enquanto indivíduo supostamente livre numa sociedade, ela também, supostamente livre. Supostamente. Por tudo isto, a manifestação, a luta.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Nem tudo é o que parece...

Como anarquista, a minha missão é o combate ao poder e ao Estado. Ao mesmo tempo, entendo que devo alertar as consciências para as manobras tétricas que o poder engendra para a sua sobrevivência. Temos estado a assistir a um festival carnavalesco de pré-eleitoralismo, caracterizado pelo embelezamento das mais recentes vitórias que o governo julga ter atingido. O IVA baixa 1%! Sim, meninas e meninas, senhoras e cavalheiros, tudo ao desbarato! Preços nunca vistos!

Contudo, os tenebrosos senhores que estão por detrás do poder, a controlá-lo, a vigiá-lo, vão largando as suas mensagens. O Ernâni Lopes (na foto), ex-ministro das Finanças e sócio-gerente da Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco (SaeR) veio esta semana apresentar o relatório trimestral desta sociedade, com aquela sobriedade que só encontramos nos muito ricos e poderosos. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, a propósito desta questão.

No relatório da SaeR pode-se ler que "não é de esperar uma melhoria da evolução económica" numa altura em que o mundo está em abrandamento e em que continuam a persistir dificuldades estruturais internas. Em 2007, a economia portuguesa cresceu 1,9 por cento e para 2008 o governo prevê uma aceleração para 2,2 por cento, Ora, o ex-ministro das Finanças não acredita na concretização desta previsão e afirma ainda que a forte desaceleração da Espanha está também a penalizar a economia portuguesa e pode vir a penalizar ainda mais. Ferozes recados para o socrático optimismo e também para quem quiser acreditar na beleza do capitalismo.

segunda-feira, 31 de março de 2008

A nova face humana do Sócrates

Admirem-se! Espantem-se! Novidade! De cair pró lado! O Sócrates resolveu assumir a sua face humana! Sim, é verdade: a metamorfose ocorreu quando foi assinar contratos com associações sociais do Distrito de Viseu. E, se duvidam, leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta espantosa transmutação.

Aproveito aqui - ó regozijo anarquista! - para deixar algumas "pérolas cor-de-rosa" da mudança de face do Sócrates.
  • Naquela ocasião que referi acima, o Sócrates assumiu uma governação de "face humana" depois de três anos que apelidou de "muito difíceis", em que teve de "disfarçar estados de alma".
  • E acrescentou: "Um político tem o dever de disfarçar os seus estados de alma e apresentar boa cara e ânimo".
  • Também disse que "nestes três anos tão difíceis não deixámos nunca de dar atenção às políticas sociais".
  • Entre tantos outros elogios à governação "cor-de-rosa"...
É de rebentar a rir! De morrer às gargalhadas! E, ainda por cima, o Sócrates toma-se muito a sério, o Mentiroso. Acho que se tornou anedótico com estas bujardas. Se o espectáculo não fosse tão triste...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Por um punhado de amêndoas


Não, não me esqueci das minhas lutas anarquistas. Tive apenas que fazer uma pausa, de tal forma anda irrespirável a atmosfera política deste país. Até dá para perguntar se vale a pena fazer um esforço por "postar" o que quer que seja anti-poder. De tal forma estes políticos que nos couberam em triste sorte se arreigaram aos confortáveis cadeirões do Estado...

O Sócrates, um destes políticos a que me refiro, e que é, nada mais nada menos, do que o marajá desta república de bananas, face a tanta contestação social a que tem assistido nos últimos tempos, decidiu abrir mão de algumas migalhitas para o povo, não vá lá perder as eleições que aí se avizinham. Ele foram os professores, a CGTP, o povo na rua a defender a sua Saúde local, que teve que ceder, paciência... Não é que lhe apetecesse nada, mas o voto a tal obriga.

O mais caricato destas suas "cedências" está na generosa tolerância de ponto que resolveu, qual magnânimo monarca, conceder aos seus Funcionários da Função Pública, nesta Quinta-feira de Páscoa. Afinal, não é tão difícil assim ceder: basta dar ao povo umas quantas amêndoas amargas e este, infinitamente agradecido a tão alta figura do Estado, não fará mais do que o óbvio. Votar nele, pois então?!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O Fascismo Existiu!

Por inspiração dos meus amigos e companheiros de luta dos blogues que tive o prazer de visitar hoje, deixo aqui também a minha homenagem ao Zeca Afonso. Era eu miúdo quando se deu o 25 de Abril, a Revolução dos Cravos. Não estava em Lisboa nesse dia, mas em Luanda. E, lá, também a Revolução se deu. O fim do fascismo. Quando regressei a Lisboa, ainda em 1974, ouvia-se a música do Zeca por todo o lado, como um símbolo da Libertação.

E, como anarquista, é isto que o Zeca me faz recordar. O fascismo existiu! A longa noite obscurantista, da censura, das perseguições políticas, das prisões, da PIDE-DGS. Do colonialismo. Foram 48 anos de opressão e fecho deste país ao exterior. O ar era irrespirável e só falavam o poder e os seus esbirros.

Como anarquista, alerto para os perigos de qualquer tentativa de encobrimento de que este foi o regime que os capitães de Abril derrotaram para nos fazerem viver em democracia. Agora, pergunto também: que democracia? Não será certamente este regime que estamos a viver, agora, neste dia. O elitismo renasceu, o poder acordou para a sua face negra, autocrática. Vejam só o que o comunicado da Sedes disse sobre o clima que se criou recentemente no sistema político português. Sugiro que leiam este resumo que apresentei no meu site Contracorrente.

Será pela força da resistência dos cidadãos, do seu agrupamento em movimentos cívicos, do seu protesto audível, que esta nova forma de neo-fascismo neoliberal poderá, algum dia, ser travado. Viva o Zeca!

A luta continua!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sem Papas na Língua

O meu grande amigo e companheiro de luta Zé Povinho distinguiu O Anarquista com o selo "Este Blog Não Tem Papas na Língua", acertando em cheio na minha postura anarquista. Ao meu caríssimo amigo os meus maiores agradecimentos. Compete-me, pelo meu lado, nomear um conjunto de blogues merecedores deste selo. São eles:
Naturalmente que todos os meus amigos e companheiros de luta que não foram mencionados especificamente nesta lista se devem também considerar merecedores deste selo. A luta continua!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A Corrupção no Estado



Felizmente, a vida vai tendo seus altos e baixos, para que possamos todos, humanos e desumanos, compreender o seu valor e/ou significado. O que, diga-se, não é garantido que aconteça sempre... Refiro-me à questão da compreensão, porque, pelo meu lado, cada vez compreendo menos certos aspectos da realidade que me rodeia, especialmente a política.

Precisamente um dos aspectos que mais tenho dificuldade em compreender é o facto de situações e problemas que rodeiam o poder e o Estado serem muito dados a modas e tendências, um pouco como se de Alta Costura se tratasse. Tomemos o exemplo da corrupção no Estado. Lebre heroicamente levantada muito recentemente pelo actual bastonário da Ordem dos Advogados e que logo fez rebentar uma bomba - do género das anarquistas, à antiga, pretas e redondas, muito fumarentas - nos círculos dos poderes Judicial, Legislativo e Executivo, pilares da montesquiana (é, não é?) divisão dos Poderes.

Logo o procurador-geral da República nomeou importantes magistrados para severa investigação judicial. Quase de seguida, os chefes de bancada parlamentar de todos os partidos da Oposição interpelaram vigorosamente o chefe do Executivo sobre factos e situações tão chocantes, chegando o líder - parlamentar - do Primeiro Partido da Oposição a propor ao chefe do Governo um debate específico sobre tão grave tema. Respondeu este que não, que não, que já estavam quatorze, catorze, 14, projectos sobre corrupção a ser estudados pela distinta Assembleia e que a coisa demorava o seu tempo, esperem lá, calmex. Passados alguns dias sobre tão enfática recusa do presidente do Conselho de Ministros, o Partido do Governo propõe então, generosamente, a criação de uma entidade para o controlo, ou verificação, ou policiamento, não me recordo agora exactamente do termo - uma coisa tipo o que a ASAE faz com os fumadores - da Corrupção no Estado.

Pergunto então, à laia de Sopa de Letras, ou Sudoku (mais na moda): ficaremos por aqui, ou teremos ainda mais passagens de modelos?

Post scriptum (para evitar siglas desagradáveis): um grande abraço anarquista aos meus amigos solidários. A luta continua!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Savonarola, o Jorge

Alguns - bons - amigos têm-me perguntado porque é que nunca mais aparece um post n'O Anarquista. Acho que devo uma explicação, tanto mais que esta situação me é desconfortável. O "Savonarola", como bem sabem, é o Jorge Borges, mais um cidadão nesta terra de cidadãos oprimidos. E, apesar de anarquista, ou talvez por esse motivo também, conhece os limites da luta política.

O Jorge, eu próprio, está cansado de bradar aos céus. Ando deprimido, em baixo. Por mais apelos que se faça à mobilização contra este governo, nada! A sociedade não se mobiliza, os portugueses andam a aceitar tudo o que lhes é imposto. Nem nos cafés se pode fumar. Parabéns aos não-fumadores, que não morrerão do fumo do tabaco dos outros, mas mais provavelmente do fumo dos automóveis, assim que atravessarem a porta dos cafés que conquistaram para a sua causa!

O Jorge está desempregado há 6 anos, desde que teve um acidente de viação que o deixou semi-paraplégico. Além do mais, como a taxa de desemprego em Portugal baixou, os benefícios fiscais para deficientes aumentaram, 46 anos de idade é uma excelente idade para uma candidatura às Novas Oportunidades, o panorama está bestial para ele. Por outro lado, aufere uma excelente Pensão de Invalidez de 300 euros mensais. Nada mau, hem? Apetece imenso escrever posts, não é?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Contra a Precariedade

Apesar de todas as manobras que o sistema neoliberal em que vivemos faz para nos alienar da realidade que nos rodeia, com a total conivência do poder, que o serve, será sempre difícil ignorar o mundo que nos rodeia. Não há telenovelas, jogos de futebol, promessas de "amanhãs cantantes" que distraiam o cidadão atento - e muito menos, o anarquista que me prezo de ser - do mundo capitalista desumanizado em que estamos forçados a viver. Forçados? Pergunto...

A União de Sindicatos do Porto (USP) deu início a uma iniciativa, denominada "Estafeta Contra a Precariedade", que se prolongará até dia 29, destinada a alertar contra a terrível propagação da praga dos vínculos laborais precários, que se alastra por todo o mundo empresarial neste país. De acordo com os dados apresentados por esta organização sindical, 1,7 dos 5,2 milhões de trabalhadores portugueses possuem vínculos precários, um número absolutamente alarmante em termos do país em que vivemos e do nosso número de habitantes. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão.

Por outro lado, é de salientar que, para a USP, o Livro Branco das Relações Laborais, elaborado pelo nosso governo nacional-socialista, irá agravar as normas já previstas no Código de Trabalho, numa situação que "só serve para os patrões intensificarem a exploração dos trabalhadores, provocar a instabilidade nas suas vidas e aumentar os lucros do capital". Assino por baixo estas declarações, manifestando a minha total indignação sobre a forma como o poder está actualmente a pactuar com o sistema económico capitalista dos nossos dias. Não terá sido para isto que certamente foram eleitos.

sábado, 19 de janeiro de 2008

A Grande Farra Blogosférica

Faltei. Pelo facto, apresento as minhas maiores desculpas e lamento profundamente o sucedido. A justificação é esta: apanhei uma valente pneumonia, da qual avisei, por e-mail, o Marreta - pessoa pela qual tenho a maior consideração, como por todos vocês - à tarde, visto pensar ser a melhor e a mais rápida forma de avisar que não podia estar presente.

Espero que se tenham divertido na mesma e que o evento tenha tido o maior sucesso possível!

Com amizade

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sócrates, O Quebra Promessas

O Bloco de Esquerda resolveu - e muito bem, a meu ver - apresentar uma moção de censura ao governo. Claro que, como anarquista, acho que o Sócrates estava mesmo a pedi-las! Mentiu descaradamente quanto ao referendo ao Tratado Europeu, além de mentir descaradamente em tantas outras matérias de Estado. Pergunto-me como é que é possível ter tanta vergonha estampada impunemente na cara e, ainda por cima, apresentá-la em público... Espero sinceramente que o povo português esteja em brasa com este poder arbitrário que se nos impôs, contrariando todas as suas promessas eleitorais. O próprio Bernardino Soares, deputado do PCP - partido pelo qual não nutro simpatia - afirmou que o Sócrates se arriscava a ser conhecido como o "quebra promessas".

Nesta matéria da moção de censura, a meu ver, não estava em causa se vencia ou não, porque estava perdida à partida, como nem o Bloco de Esquerda ignorava. Para que possam ter uma ideia mais completa das "anedotas" que o Sócrates enfiou durante o debate parlamentar, sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, sobre este assunto. Como dizia, nesta matéria, o mais importante era, como foi, pôr publicamente este governo e a sua política em questão. Não deixar passar tudo impunemente, só porque o PS tem uma maioria absoluta que lhe permite fazer tudo, até o pino em cima das secretárias do Parlamento!

A moção de censura não foi aprovada, é pena, mas existiu. Esteve lá, a dizer que este poder não está livre de ser contestado e que, um dia, poderá cair. Deposito algumas esperanças - poucas, confesso - nos eleitores de 2009, para que deitem abaixo esta figura nacional-socialista do senhor não-engenheiro Sócrates. Do Quebra Promessas.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Referendo, já!

Custa-me francamente muito escrever este post, uma vez que retrata uma situação que, até agora, julgava inimaginável na nossa vida política. Ontem, o Sócrates, que tem sido até há data primeiro-ministro de Portugal, metamorfoseou-se! Transformou-se no chanceler do III Império Português. Julgo que não houve cidadão avisado que não temesse esta transformação, embora prevalecesse o bom-senso de pensar que a Democracia acabava por vingar, em último lugar. Pois, não vingou. Ainda... O Sócrates foi à Assembleia da República, actual Reichstag, afirmar peremptoriamente que não vai haver referendo de espécie alguma sobre o Tratado da União Europeia, eufemisticamente conhecido como "Tratado de Lisboa".

Levantaram-se imensas vozes de protesto, mas o novo chanceler disse que "não e não"! Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, para que saibam exactamente o que o Sócrates disse no, agora, velho Parlamento. Já na noite anterior, o antigo Partido Socialista tinha estado reunido no seu Largo do Rato até às tantas da madrugada para dissuadir o seu Führer de avançar com ideia tão fascista. Pelo menos, para já. "Calma lá, ó camarada, que ainda perdemos votos", "não sejas tão teimoso, ó chefe", "mas isto assim é o regabofe total", etc. etc. Nada. A ideia dele - do falso pintor-engenheiro - já lhe vinha enfiada na cabeça. Não vai haver referendo. Ponto final.

Assistimos ontem ao fim do Partido Socialista, tal como sempre o conhecemos. Agora, finalmente - para alívio das nossas consciências amordaçadas por um Super-Ego 25-de-abrilesco - podemos dar-lhe um novo nome. Partido Nacional-Socialista. O inimigo assumiu a sua verdadeira face e nós, anarquistas e democratas, podemos lutar contra ele com novas armas. As armas da Democracia, tal como sempre a conhecemos até agora e desde sempre. Este novo arremedo hitleresco não nos vai fazer desistir da exigência primordial:


domingo, 6 de janeiro de 2008

É Proibido Proibir!

Sou actualmente anarquista por integral convicção política. Mas devo reconhecer que herdei esta mesma ideologia de tantas outras pessoas, mulheres e homens, que, no seu tempo, lutaram contra os poderes instaurados, a bem da liberdade e contra a ditadura e a opressão. Porque lutar contra o poder e o Estado é também afirmar o valor único do indivíduo e do cidadão. Este sistema capitalista neoliberal que se entranhou na nossa sociedade - portuguesa, e ocidental, e oriental, e norte, e sul-americana, e por todo o lado onde coube - tem gradual e subrepticiamente roubado um dos valores mais preciosos pelo qual tanto lutaram gerações: a Liberdade!


Sentados nos largos e confortáveis cadeirões do poder, na Assembleia da República ou nos gabinetes do Executivo, uns quantos figurões - com as costas quentes dos 30 por cento de eleitores que tiveram a ingenuidade de votar neles - decidiram ditar nova Proibição. É proibido fumar! Claro que nada impede uma charutada em pleno Réveillon do Casino, não. Os pobrezinhos é que não podem acender cigarros nas tascas horrorosas onde comem aquelas comidas gordurosas... Isso não, isso já é repugnante e mete nojo. Claro que nenhum agente da PIDE ou da ASAE, melhor dizendo - peço desculpa pelo lapsus linguae «à la Soares» - se atreveria jamais! (*em francês, no original) a entrar no gabinete do Manuel Alegre a multá-lo pelo trigésimo cigarro que estaria a acender naquela tarde. E até acho muito bem que ele fume, porque eu também sou um terrível toxicodependente nicotinómano. Um doente, em suma...


Retomando o meu ideário anarquista, considero-me herdeiro dos saudosos hippies que heroicamente lutaram contra o patriarco-matriarcado imposto pelo bem-estar do pós-guerra. E disseram: É proibido proibir! Os socialisto-capitalistas que agora nos governam entretêm-se a criar leis que, não só complicam a vida às pessoas, como também a eles próprios, porque acabam por ter que desfazer o clausulado das suas próprias leis. O propósito é claro. Já é tudo tão impopular que vamos alienar a sociedade com mais uns quantos shows... Impopulares. Assim, pode ser que as pessoas - esses ignorantes do cigarro ordinário ao canto da boca - se esqueçam da Ota, do desemprego, do custo de vida, dos salários vergonhosos que recebem e também, já agora, dos contratos de trabalho ilegais que são forçadas a assinar de cruz. Para sobreviverem.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O ano de todos os aumentos

Passadas que foram as festas de final de ano – merecedoras do meu maior apreço como anarquista, visto que relacionadas com valores tradicionais que o sistema (ainda) não conseguiu destruir – é chegado o momento de enfrentarmos a crua e dura realidade do dia-a-dia deste novo ano de 2008. Quantas promessas de mudança não fizemos todos a nós mesmos e aos nossos entes queridos! Só que alguns, escondidos nos gabinetes do poder, estudaram mil e uma maneiras de nos torpedearem, a nós, cidadãos indefesos.

E tudo começa, como não podia deixar de ser neste neoliberalismo selvagem, à bruta, sem dó nem piedade. Aqueles que, como eu, davam umas fumaças para aliviar a ansiedade, ficaram liminarmente proibidos de o fazer. Confesso que ainda sou do tempo em que tinha o seu efeito social o slogan “É PROIBIDO PROIBIR!”, entre tantos outros ditos libertários... Só que... Deixámos de ser livres! Novas PIDES com outras siglas cercam-nos e vigiam os nossos mais ínfimos gestos.

Um dos piores pesadelos que nos aguardam neste “feliz ano novo” são os aumentos. Não, não são os salariais: esses já vêm cozinhados do ano anterior, com a lógica implacável dos 2,1%, como ninguém ignora. Falo, sim, dos aumentos dos bens e produtos que todos nós, consumidores, vamos ter de pagar, não para viver, mas antes para sobreviver. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, para que possam ter uma ideia completa do que estou a dizer. Por exemplo, o pão, alimento dos pobres, terá um aumento de 30 por cento. Na cidade de Lisboa, em 2007, uma carcaça custava 15 cêntimos. Em 2008 chegará aos 19,5 cêntimos! Será desta a revolução?