segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mais sacrifícios?

O povo está desperto? O ideal seria que mais pessoas despertassem para a necessidade de se manifestarem, dizerem de sua justiça, juntarem-se em movimentos organizados, ou simplesmente com propósitos específicos, como, por exemplo, defenderem os interesses da sua classe laboral. Este governo do Sócrates e da maioria absoluta “socialista” está fechado no seu pedestal autoritário e, sobretudo, surdo. Surdo às reivindicações de todo um povo, ao qual têm sido feitas exigências inaceitáveis.

As pessoas têm vindo a apertar o cinto desde que o governo, subserviente a Bruxelas, decretou que ia reduzir o défice até ao valor determinado pela União Europeia. À custa de imensos sacrifícios, as pessoas, as famílias, lá sofreram esse embate/embuste de ter que reduzir a sua já difícil vida ao mínimo indispensável. Pergunto-me também como é que se reduz um orçamento familiar, quando ele não existe sequer, como no caso dos desempregados.

Agora, o sistema económico global – um sistema indiferente às pessoas, contabilizadas como números – entrou em profunda crise. Nacionalizam-se bancos, injecta-se dinheiro noutros, entre tantas outras medidas para garantir, na medida do impossível, a sobrevivência deste sistema capitalista neoliberal globalizado. Medidas tomadas por governos e Estados, nomeadamente o nosso, o português. Assistimos agora a um novo cenário de dramatização política. A “crise” irá, mais uma vez, adiar a melhoria das condições de vida do povo?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O peso dos movimentos cívicos


Como anarquista, concordo com a posição de Manuel Alegre, no que toca à arrogância da actual ministra da Educação perante a grande manifestação de professores, que teve recentemente lugar em Lisboa. Manuel Alegre fez uma análise detalhada deste fenómeno no editorial da revista Ops!, publicado no site do MIC, do qual fazemos eco nesta notícia que publicámos no Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt.

Trata-se de um fenómeno - esta concentração única de cidadãos em torno de um mesmo projecto - que não pode nem deve ser ignorado pelo poder instituído, especialmente quando o mesmo se auto-intitula "socialista". A vontade das classes profissionais tem de ser ouvida pelos detentores dos cargos públicos, de forma a que o poder não trabalhe de forma autocrática, como é o caso da actual ministra da Educação, na sua recusa obstinada em valorizar as exigências dos professores.

É neste domínio da defesa dos interesses dos cidadãos que os movimentos cívicos como o MIC e tantos outros têm um importantíssimo papel a desempenhar na democracia do terceiro milénio. Uma democracia que se pretende participada por todos e não apenas pelos órgãos sindicais e partidos políticos institucionalmente estabelecidos. Esta é a minha actual perspectiva enquanto anarquista, dedicado à luta contra o poder e contra o Estado.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ainda na cauda da Europa

Como anarquista, estou permanentemente em estado de alerta face às mais recônditas e obscuras manobras do poder, o que significa que, por um lado, nem sempre me surge a ocasião para publicar aqui n'O Anarquista com a periodicidade que bem gostaria de ter, e, por outro lado, os factos surgem agora tão em catadupa que não dá para esperar o momento ideal para atacar. No fundo, o anarquista é aquela fera que tem que aguardar o momento ideal para atacar a sua presa: o Estado e o governo.

Com o desencadear da actual crise financeira internacional, os poderes em Portugal têm agido com demasiada lentidão. O Sócrates, o Teixeira dos Santos, todos os detentores de cargos públicos, têm andado a passo de caracol para reagir a esta nova tempestade, que vem finalmente trazer a lume todas as fraquezas do neoliberalismo e do capitalismo, para as quais já o próprio Karl Marx – imagine-se! - tinha alertado. Basta ter o tempo e a vontade de pegar nas suas obras mais significativas...

Finalmente, só ontem foram aprovados pela maioria socialista na Assembleia da República, com a oposição de todos os outros partidos, a proposta de nacionalização do Banco Português de Negócios e o regime jurídico das nacionalizações! (Sugiro a leitura desta notícia que publiquei no Contracorrente, para conhecer mais pormenores sobre estes factos). Como se a palavra “nacionalização” fizesse recordar o PREC e o regime comunista-estalinista que se viveram no século passado como autênticos pesadelos. Ora, os factos impõem-se agora com dureza face ao nosso Estado e governo neoliberais: tornou-se agora imperioso nacionalizar bancos, para que o sistema financeiro não se afunde. Outros governos neoliberais já o fizeram nos seus próprios países e, mais uma vez, Portugal continua na cauda da Europa.