quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Contra a Precariedade

Apesar de todas as manobras que o sistema neoliberal em que vivemos faz para nos alienar da realidade que nos rodeia, com a total conivência do poder, que o serve, será sempre difícil ignorar o mundo que nos rodeia. Não há telenovelas, jogos de futebol, promessas de "amanhãs cantantes" que distraiam o cidadão atento - e muito menos, o anarquista que me prezo de ser - do mundo capitalista desumanizado em que estamos forçados a viver. Forçados? Pergunto...

A União de Sindicatos do Porto (USP) deu início a uma iniciativa, denominada "Estafeta Contra a Precariedade", que se prolongará até dia 29, destinada a alertar contra a terrível propagação da praga dos vínculos laborais precários, que se alastra por todo o mundo empresarial neste país. De acordo com os dados apresentados por esta organização sindical, 1,7 dos 5,2 milhões de trabalhadores portugueses possuem vínculos precários, um número absolutamente alarmante em termos do país em que vivemos e do nosso número de habitantes. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão.

Por outro lado, é de salientar que, para a USP, o Livro Branco das Relações Laborais, elaborado pelo nosso governo nacional-socialista, irá agravar as normas já previstas no Código de Trabalho, numa situação que "só serve para os patrões intensificarem a exploração dos trabalhadores, provocar a instabilidade nas suas vidas e aumentar os lucros do capital". Assino por baixo estas declarações, manifestando a minha total indignação sobre a forma como o poder está actualmente a pactuar com o sistema económico capitalista dos nossos dias. Não terá sido para isto que certamente foram eleitos.

sábado, 19 de janeiro de 2008

A Grande Farra Blogosférica

Faltei. Pelo facto, apresento as minhas maiores desculpas e lamento profundamente o sucedido. A justificação é esta: apanhei uma valente pneumonia, da qual avisei, por e-mail, o Marreta - pessoa pela qual tenho a maior consideração, como por todos vocês - à tarde, visto pensar ser a melhor e a mais rápida forma de avisar que não podia estar presente.

Espero que se tenham divertido na mesma e que o evento tenha tido o maior sucesso possível!

Com amizade

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sócrates, O Quebra Promessas

O Bloco de Esquerda resolveu - e muito bem, a meu ver - apresentar uma moção de censura ao governo. Claro que, como anarquista, acho que o Sócrates estava mesmo a pedi-las! Mentiu descaradamente quanto ao referendo ao Tratado Europeu, além de mentir descaradamente em tantas outras matérias de Estado. Pergunto-me como é que é possível ter tanta vergonha estampada impunemente na cara e, ainda por cima, apresentá-la em público... Espero sinceramente que o povo português esteja em brasa com este poder arbitrário que se nos impôs, contrariando todas as suas promessas eleitorais. O próprio Bernardino Soares, deputado do PCP - partido pelo qual não nutro simpatia - afirmou que o Sócrates se arriscava a ser conhecido como o "quebra promessas".

Nesta matéria da moção de censura, a meu ver, não estava em causa se vencia ou não, porque estava perdida à partida, como nem o Bloco de Esquerda ignorava. Para que possam ter uma ideia mais completa das "anedotas" que o Sócrates enfiou durante o debate parlamentar, sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, sobre este assunto. Como dizia, nesta matéria, o mais importante era, como foi, pôr publicamente este governo e a sua política em questão. Não deixar passar tudo impunemente, só porque o PS tem uma maioria absoluta que lhe permite fazer tudo, até o pino em cima das secretárias do Parlamento!

A moção de censura não foi aprovada, é pena, mas existiu. Esteve lá, a dizer que este poder não está livre de ser contestado e que, um dia, poderá cair. Deposito algumas esperanças - poucas, confesso - nos eleitores de 2009, para que deitem abaixo esta figura nacional-socialista do senhor não-engenheiro Sócrates. Do Quebra Promessas.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Referendo, já!

Custa-me francamente muito escrever este post, uma vez que retrata uma situação que, até agora, julgava inimaginável na nossa vida política. Ontem, o Sócrates, que tem sido até há data primeiro-ministro de Portugal, metamorfoseou-se! Transformou-se no chanceler do III Império Português. Julgo que não houve cidadão avisado que não temesse esta transformação, embora prevalecesse o bom-senso de pensar que a Democracia acabava por vingar, em último lugar. Pois, não vingou. Ainda... O Sócrates foi à Assembleia da República, actual Reichstag, afirmar peremptoriamente que não vai haver referendo de espécie alguma sobre o Tratado da União Europeia, eufemisticamente conhecido como "Tratado de Lisboa".

Levantaram-se imensas vozes de protesto, mas o novo chanceler disse que "não e não"! Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, para que saibam exactamente o que o Sócrates disse no, agora, velho Parlamento. Já na noite anterior, o antigo Partido Socialista tinha estado reunido no seu Largo do Rato até às tantas da madrugada para dissuadir o seu Führer de avançar com ideia tão fascista. Pelo menos, para já. "Calma lá, ó camarada, que ainda perdemos votos", "não sejas tão teimoso, ó chefe", "mas isto assim é o regabofe total", etc. etc. Nada. A ideia dele - do falso pintor-engenheiro - já lhe vinha enfiada na cabeça. Não vai haver referendo. Ponto final.

Assistimos ontem ao fim do Partido Socialista, tal como sempre o conhecemos. Agora, finalmente - para alívio das nossas consciências amordaçadas por um Super-Ego 25-de-abrilesco - podemos dar-lhe um novo nome. Partido Nacional-Socialista. O inimigo assumiu a sua verdadeira face e nós, anarquistas e democratas, podemos lutar contra ele com novas armas. As armas da Democracia, tal como sempre a conhecemos até agora e desde sempre. Este novo arremedo hitleresco não nos vai fazer desistir da exigência primordial:


domingo, 6 de janeiro de 2008

É Proibido Proibir!

Sou actualmente anarquista por integral convicção política. Mas devo reconhecer que herdei esta mesma ideologia de tantas outras pessoas, mulheres e homens, que, no seu tempo, lutaram contra os poderes instaurados, a bem da liberdade e contra a ditadura e a opressão. Porque lutar contra o poder e o Estado é também afirmar o valor único do indivíduo e do cidadão. Este sistema capitalista neoliberal que se entranhou na nossa sociedade - portuguesa, e ocidental, e oriental, e norte, e sul-americana, e por todo o lado onde coube - tem gradual e subrepticiamente roubado um dos valores mais preciosos pelo qual tanto lutaram gerações: a Liberdade!


Sentados nos largos e confortáveis cadeirões do poder, na Assembleia da República ou nos gabinetes do Executivo, uns quantos figurões - com as costas quentes dos 30 por cento de eleitores que tiveram a ingenuidade de votar neles - decidiram ditar nova Proibição. É proibido fumar! Claro que nada impede uma charutada em pleno Réveillon do Casino, não. Os pobrezinhos é que não podem acender cigarros nas tascas horrorosas onde comem aquelas comidas gordurosas... Isso não, isso já é repugnante e mete nojo. Claro que nenhum agente da PIDE ou da ASAE, melhor dizendo - peço desculpa pelo lapsus linguae «à la Soares» - se atreveria jamais! (*em francês, no original) a entrar no gabinete do Manuel Alegre a multá-lo pelo trigésimo cigarro que estaria a acender naquela tarde. E até acho muito bem que ele fume, porque eu também sou um terrível toxicodependente nicotinómano. Um doente, em suma...


Retomando o meu ideário anarquista, considero-me herdeiro dos saudosos hippies que heroicamente lutaram contra o patriarco-matriarcado imposto pelo bem-estar do pós-guerra. E disseram: É proibido proibir! Os socialisto-capitalistas que agora nos governam entretêm-se a criar leis que, não só complicam a vida às pessoas, como também a eles próprios, porque acabam por ter que desfazer o clausulado das suas próprias leis. O propósito é claro. Já é tudo tão impopular que vamos alienar a sociedade com mais uns quantos shows... Impopulares. Assim, pode ser que as pessoas - esses ignorantes do cigarro ordinário ao canto da boca - se esqueçam da Ota, do desemprego, do custo de vida, dos salários vergonhosos que recebem e também, já agora, dos contratos de trabalho ilegais que são forçadas a assinar de cruz. Para sobreviverem.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O ano de todos os aumentos

Passadas que foram as festas de final de ano – merecedoras do meu maior apreço como anarquista, visto que relacionadas com valores tradicionais que o sistema (ainda) não conseguiu destruir – é chegado o momento de enfrentarmos a crua e dura realidade do dia-a-dia deste novo ano de 2008. Quantas promessas de mudança não fizemos todos a nós mesmos e aos nossos entes queridos! Só que alguns, escondidos nos gabinetes do poder, estudaram mil e uma maneiras de nos torpedearem, a nós, cidadãos indefesos.

E tudo começa, como não podia deixar de ser neste neoliberalismo selvagem, à bruta, sem dó nem piedade. Aqueles que, como eu, davam umas fumaças para aliviar a ansiedade, ficaram liminarmente proibidos de o fazer. Confesso que ainda sou do tempo em que tinha o seu efeito social o slogan “É PROIBIDO PROIBIR!”, entre tantos outros ditos libertários... Só que... Deixámos de ser livres! Novas PIDES com outras siglas cercam-nos e vigiam os nossos mais ínfimos gestos.

Um dos piores pesadelos que nos aguardam neste “feliz ano novo” são os aumentos. Não, não são os salariais: esses já vêm cozinhados do ano anterior, com a lógica implacável dos 2,1%, como ninguém ignora. Falo, sim, dos aumentos dos bens e produtos que todos nós, consumidores, vamos ter de pagar, não para viver, mas antes para sobreviver. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, para que possam ter uma ideia completa do que estou a dizer. Por exemplo, o pão, alimento dos pobres, terá um aumento de 30 por cento. Na cidade de Lisboa, em 2007, uma carcaça custava 15 cêntimos. Em 2008 chegará aos 19,5 cêntimos! Será desta a revolução?