quarta-feira, 20 de junho de 2007

Combater a corrupção

Carlos FerreiraComo anarquista, sou de opinião de que o instrumento de trabalho está para o trabalhador, como o corpo para o espírito. Trabalham para o mesmo fim e são indissociáveis. Vem esta reflexão a propósito do facto de ter estado ausente desta minha modesta casa - O Anarquista, onde é bem vindo quem vier por bem - devido a uma avaria do meu computador. Levei-o ao "médico" e voltou, já recuperado, permitindo-me novamente exercer a minha acção anarquista. Porque acho fundamental estar atento às manhas do poder e do Estado e denunciá-las, sempre que possível, para que não teçam nas nossas costas os seus conluios, elaborados com o objectivo de enganar o povo para satisfazer os interesses dos grandes. Ora, uma das armas que os governos utilizam para fazer valer a sua vontade é a corrupção.

Num estudo realizado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, coordenado pelo Professor Luís de Sousa, 51,9 por cento dos portugueses inquiridos elegeu os anos de 2000 a 2007 como "o período em que existiu maior corrupção em Portugal". Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. Ainda segundo este estudo, a maioria dos inquiridos (83,8 por cento) considera que, de um modo geral, o combate à corrupção em Portugal não é eficaz e atribuiu ao governo (45 por cento) a principal responsabilidade por essa ineficácia.

Vejo nesta análise diversos indicadores sobre a vida política portuguesa. Em primeiro lugar, os portugueses estão atentos à corrupção que grassa em torno do poder, contrariando a ideia de que somos um povo abúlico, desinteressado da vida política. Como anarquista, considero este facto um indicador muito positivo de que o povo ainda é a reserva de uma possibilidade de mudança, de revolução. Tenho dito frequentemente, também com base na opinião de ilustres pensadores de esquerda actuais, que o sistema neoliberal sob o qual vivemos poderá ser derrotado através de uma movimentação social significativa nesse sentido. Por outro lado, as pessoas não ignoram o facto de que a corrupção no Estado tem aumentado significativamente nestes últimos anos. O poder judicial não actua porque pactua silenciosamente com o executivo, deixando passar, prescrever, os principais processos judiciais anti-corrupção. Em suma, temos que estar atentos e não ignorar as tramas que o actual poder não-socialista tem tecido contra os interesses do povo.

10 comentários:

  1. Quantos casos de corrupção são condenados em tribunal? Assim não admira que o povo tenha em descrédito o poder político e a justiça. Comem da mesma gamela e defendem-se mutuamente. Resta-nos a esperança de que a história se cumpra e que o descontentamento popular leve a que este estado de coisas mude. Nenhuma forma de poder é eterno e se (como diz o poeta) todo o Mundo é composto de mudança, um dia há-de chegar a vez de Portugal.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  2. Num país que tem um/a presidente de câmara que fugiu do mesmo com processos atrás de processos e que regressou impádido/a e sereno/a como se nada tivesse passado. Onde nesse mesmo país existem mais situações idênticas (Isaltino's, Loureiro's, Torres's (os mais mediáticos)) continuando a botar atoardas e emitir opinião como fossem virgens imaculadas, com a
    comunicação social a não estar isenta de culpas na promoção que lhes dão, como podes amigo, acabar com a corrupção.

    Haja decência e vergonha, e, já agora, para quando o cumprimento da lei....

    ResponderEliminar
  3. Quem sou eu para dizer que conheço o povo?! Sou apenas um frequentador de estábulos, campos e tabernas, sou da província que se diz "a-política", que por sugestão do sacro altar dos domingos não comete o pecado de não votar! Pior que isso tudo: prestam reconhecimento ao esperto que os soube enganar, têm encarnada a ideia do que foi sempre assim há-de ser sempre assim, e pior que tudo ainda apoiam dizendo e votando: "rouba mas faz"!

    ResponderEliminar
  4. Este é provavelmente o cancro nº 1 que mina a sociedade portuguesa. Um dos maiores responsáveis pelo atraso em que o nosso país se encontra. Ele manifesta-se em todas as áreas e sectores de actividade sem excepção e é extremamente contagioso e facilmente transmissível. Parece que ultimamente têm aparecido por aí uns Robin dos Bosques de bata preta decididos a combater esta praga, mas trata-se apenas de uma gota no oceano na tentativa de aniquilar um cancro que parece bem disseminado na nossa sociedade, quase fazendo corar de vergonha a mítica Sícilia. Para além disso para existirem "médicos" têm que existir "doenças"...
    Abraço.

    ResponderEliminar
  5. Ainda me lembro do tempo em que subtrair vinte e cinco tostões era um crime que levava o autor directinho à cadeia, e quando desapareciam nos bolsos de alguns senhores muitos milhares de contos de reis, se ouvia falar em "pequenos desvios". Os adjectivos podem ter mudado a justiça pode ser mais mediática, e também mais lenta, mas contam-se pelos dedos duma só mão os corruptos que foram efectivamente condenados. Para dizer a verdade, nem me consigo recordar de um único...
    Os pilha-galinhas vão sendo condenados, os outros....
    Abraço

    ResponderEliminar
  6. Com o rumo que levam as coisas, o número de pilha galinhas terá necessariamente de crescer porque cada vez mais gente está a ficar desapossada do essencial.
    Daí que o autoritarimo aumente. Irá até onde?

    ResponderEliminar
  7. Novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior
    COMENTÁRIO:
    Um governo e um ministro "iluminados" pretendem provocar um autêntico terramoto na organização do ensino superior sem o tempo requerido para discussão e reflexão. Esta pressa legislativa não demonstra qualquer tipo de eficiência governativa mas sim um sinal preocupante de falta de cultura democrática. Não se explicam os quês e os porquês desta autêntica revolução na organização do ensino superior. Já todos vimos "iluminados" a estragar o ensino básico e o secundário, só faltava o superior.

    ResponderEliminar
  8. apoiadissimo, companheiro! quantos casos envolvem nao so o país mas cada um de nós, como governados e de menor capacidade...de certa forma, é uma exploração ao ser humano e algo que não devia passar impune...continua, Anarquista! [[]]

    ResponderEliminar
  9. É um caso muito sério! Num país onde certos autarcas continuam a exercer os cargos, apesar de estarem "enterrados" em processos, está tudo dito... Temos uma "veiazinha corrupta", e como dizia o outro: "Todos temos um preço!"... Ora, a pensar assim!... As pessoas deslumbram-se e deixam-se corromper facilmente. Não possuem referências de integridade, insenção ou honestidade, são mal-formadas!

    ResponderEliminar