quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Todos à pala no Dia B


Milhares de pessoas concentraram-se no dia B no Pavilhão de Portugal no Parque das Nações. Grande parte dos presentes é autor de blogues que, saídos do espaço virtual, ali vieram fazer uma manifestação inédita. Quase todos levaram uma pedra que colocaram sobre uma folha A4 no pavimento da pala do edifício. Cada folha que se foi pousando ao longo do dia, continha uma palavra de ordem dirigida ao poder, assinada com o nome do blog de origem.

Podiam também ser vistas algumas pessoas que, de megafone em punho, discursavam as suas ideias criando um cenário que fazia lembrar o londrino Speakers’ Corner.

Não parece existir nenhuma organização formal por detrás desta iniciativa. Tudo levando a crer que se trata de um movimento espontâneo, gerado pelas sinergias intrínsecas da blogosfera portuguesa. O presente texto terá sido divulgado entre os blogues, criando um efeito pirâmide que terá culminado nesta manifestação. A assinatura de uma petição online e a colocação de selos de adesão nas barras dos blogs terá assegurado a viabilidade e o sucesso da iniciativa.

Divulga este texto e verás no que isto vai dar!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Um amplo movimento popular


Tendo vindo a analisar a forma como o sistema político e económico actual funciona, cheguei a diversas conclusões, a primeira das quais é a de que o poder é escravo das regras das grandes corporações económicas. Vivemos numa época em que impera o neoliberalismo, uma forma mais selvática de capitalismo, caracterizada por negar qualquer intervenção reguladora do Estado na economia e por valorizar o lucro acima de tudo o resto, desprezando a pessoa humana. É sob este sistema que vivemos, não só em Portugal, como também no resto do planeta.

Angustiante, não é verdade? Não! Como anarquista, luto por uma sociedade diferente, igualitária, e continuo a acreditar firmemente que a mudança é possível. E dou um belo exemplo. Realizou-se ontem a manifestação da CGTP, que juntou, no Parque das Nações, cerca de 200 mil tabalhadores. No final da manifestação, o líder da central sindical, o Carvalho da Silva, afirmou que “pela sua dimensão e pelas suas características, hoje é um dia histórico” e acrescentou que agora “vão ampliar-se as alianças sociais e a luta dos portugueses”. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre este acontecimento.

Este é o caminho para que o sistema possa ser modificado. Juntar as massas em movimentos de contestação populares, independentemente do facto de serem ou não organizados por sindicatos ou centrais sindicais. Não ignoro que estas organizações dependem, de uma ou outra forma, de orientações político-partidárias e que os partidos políticos se aproveitam delas para os seus propósitos pró-sistema. Contudo, estas organizações também podem contribuir para mobilizar as massas, como foi o caso de ontem. O próprio anarquismo teve, há dois séculos, uma dimensão sindical, designada por anarco-sindicalismo. Acredito firmemente que será através de um amplo movimento popular que o sistema poderá, um dia, ruir.

sábado, 13 de outubro de 2007

Os números do poder

Sempre achei um jogo extraordinário, o dos números. Confesso que sempre fui muito mau jogador a esse nível, caso contrário, talvez tivesse já ganho nos casinos, no Totoloto, ou, até – quem sabe? - no Euromilhões! Mas vou fazer como o povo diz, cheio de razão, e tiro o meu cavalinho da chuva a esse respeito. Outros, esses sim, matemáticos de grande renome, bem souberam lidar com os números, como Pascal, honra lhe seja feita, especialmente por não ter sido em proveito próprio.

Contudo, largos anos de democracia familiarizaram os cidadãos com os números, para bem da ilustração de todos. Ora, o poder terá sido dos que mais cedo aprendeu a lidar com os números e a manietá-los muito bem, como ninguém ignora. A manipulá-los para proveito próprio, convencido de poder mais facilmente enganar o Zé Povinho, sempre distraído com a bola e as novelas. Embora eu próprio faça parte do povo que os governos pensam poder enganar facilmente, não deixo também de ser um anarquista atento, que detesta a manipulação, em geral, e a dos números, em particular.

Gostaria, assim, de dar destaque ao facto de o ministro do Trabalho e da Solidadiedade Social, o Vieira da Silva, ter dito que Portugal já tinha começado a inverter a tendência de crescimento do desemprego, ou seja – traduzindo para uma linguagem mais óbvia - que o desemprego estava a diminuir no nosso país. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. Ora, estas afirmações do ministro entram em conflito com os últimos dados do Eurostat, referentes a Agosto, que indicam uma subida da taxa de desemprego de 0,8% em Portugal, face ao período homólogo de 2006. Confrontado com esta discrepância, o Vieira da Silva, brilhante na sua argumentação, afirmou que “os balanços são feitos no final do ano”. Tal como o outro que dizia que prognósticos só no final... O que é lamentável é que, aqui, os números são bem reais. Os números do desemprego em Portugal.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Manifestações de rua!


Como anarquista e cidadão deste país declaro-me farto. É tal o nível de corrupção nas esferas do governo e do Estado, que não seriam suficientes rios de tinta do tamanho do Amazonas para denunciar tudo o que o que está errado nesta República das Bananas. Não é que, por enquanto, esteja disposto a abdicar do direito e dever de protestar, mas confesso que, dada a situação, a missão me parece hercúlea.

Por todo o lado surgem vozes isoladas de protesto, sucedem-se escritos de feroz crítica à governação Sócrates - das mais fascizantes a que assistimos desde que o Antigo Regime caiu - e, contudo, eles lá estão, de pedra e cal, urdindo as suas tramas anti-populares, como se não vivessem em regime democrático. Nalguns sítios chama-se a isto máfia, noutros cartel, noutros oligarquia, noutros ainda ditadura. Pelo meu lado, prefiro chamar-lhe autocracia.

Para já, encontro apenas uma solução para travar esta derrocada dos ideais democráticos: ir para a rua manifestar-se. Dispensando centrais sindicais e outras que tais. Organizar, ou fazê-lo apenas espontaneamente, manifestações de rua. Não violentas, bem entendido. Radicais, ferozes. Cheias de gente descontente, de povo revoltado. Enquanto o poder ocupa os seus gabinetes, o povo ocupa a rua, enfrentando as barreiras policiais. É este o caminho actual:

Manifestações de rua!