Ânimo do Povo Passado mais de um mês, ou coisa que o valha, a falar da licenciatura do Sócrates – que ainda é, convém lembrar, o primeiro-ministro deste país, seja ele engenheiro ou doutor, ou nem por isso – penso que já é altura de começar a falar de coisas sérias, como é costume naqueles que alguns consideram os “esquerdistas folclóricos”, categoria política que, ainda por cima, não creio existir. De anarquistas convictos, sim, já ouvi falar.
Que tal, para variar, falar um bocado do estado em que se encontra este país e do que dele tem feito o poder e o Estado? Porque, para começar, parece-me que pouco se anda a fazer, excepto poupar, poupar e poupar. O défice público lá vai melhorando, ao que dizem, mas não estou convencido de que esteja tão bom que convença os desmancha-prazeres de Bruxelas. E o povo português continua a apertar o cinto, convencidíssimo de que melhores dias virão... Será? Ou será este apenas o pobre imaginário propagandístico do governo?
O custo de vida aumenta desmesuradamente e a banca enriquece como nunca se tinha visto na nossa história recente. Por seu lado, as empresas fecham. Deslocalizam-se, para usar o novo verbo neoliberal capitalista. E ainda, para cúmulo, os políticos da maioria, os socialistas de dentro e de fora do poder, enaltecem o brilhantismo dos seus sucessos, como se Portugal estivesse já próximo de um El Dorado que os castelhanos, no seu devido tempo, não encontraram. Dando uma mirada ao nosso Barómetro Anarquista, constatamos claramente que nunca o ânimo do nosso povo esteve tão em baixo.