sexta-feira, 20 de julho de 2007

Regime totalitário anti-sindical

Como anarquista, a minha missão neste blog é denunciar os erros e as trapaças do poder e do Estado, como os meus amigos e visitantes bem sabem. Por vezes, esta actividade perversa do governo é feita pela calada, com total desconhecimento da opinião pública. Noutras ocasiões, agora cada vez mais frequentes, ela é feita abertamente, com total desprezo pelos valores democráticos que orientam o regime político português.

Inscreve-se nesta última atitude - o total descaramento - a proposta que o governo apresentou na Assembleia da República sobre o exercício da actividade sindical por parte dos trabalhadores da Função Pública. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta indescritível manobra. Desta forma, o governo apresentou uma proposta de lei, segundo a qual apenas um em cada 200 trabalhadores – num máximo de 50 – sindicalizados do Estado poderá aceder ao crédito de quatro dias mensais remunerados para o exercício da actividade sindical. Segundo o Augusto Santos Silva, o ministro dos Assuntos Parlamentares, trata-se apenas – imagine-se! - de adaptar à Função Pública aquilo que já é praticado no sector privado.

Como é evidente, esta proposta de lei, apresentada à margem de quaisquer negociações com os sindicatos, mereceu as mais fortes críticas de toda a oposição, que falou em tentativa de limitar a liberdade sindical e de “impor as suas vontades como num regime totalitário”. Também a Frente Comum organizou uma vigília de protesto contra esta legislação em frente ao Parlamento. Pelo meu lado, também estaria presente nesta vigília, não fosse o caso de não ser trabalhador do Estado. Mais uma vez, este governo não-socialista cerceia liberdades garantidas na Constituição da República Portuguesa, baseando-se no poder absoluto de uma maioria absoluta. Por tudo isto digo:

CIDADÃOS FAÇAM A REVOLUÇÃO, JÁ!

terça-feira, 17 de julho de 2007

Finalmente, o Programa Allgarve!

O Manuel Pinho, nosso anedotíssimo ministro da Economia Feita Pelos Outros, lançou finalmente em Faro o seu célebre Programa Allgarve, alvo de tanta expectativa de há meses a esta parte. Como se pode ver pela foto ao lado, afiambrou-se especialmente para a ocasião, livrando-se da incómoda gravata que lhe travava os soluços da falta de habituação aos cocktail-parties que raríssimamente frequenta, por expressa indicação do Sócrates, desde o disparate da mão-de-obra barata lá na China.

Pois o Pinho, falando para uma esmerada plateia de empresários e dealers de turismo lícito e ilícito - que se fartaram de bocejar para dentro e para fora quando o ouviram falar em very, very exotic Portuguese – anunciou os seus objectivos programáticos, que incluem, como podem ler nesta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, precisamente dedicado a estas pérolas do nosso vigoroso capitalismo contemporâneo português, passe a publicidade, sempre importante nestas ocasiões festivas, hamm... Bem, retomando o fio à mealhada, que acabo de chegar de lá, dizia eu que os objectivos programáticos do Pinho podem ser lidos lá naquele meu site de turismo de que acabei de vos falar.

Pois bem, de acordo com os números que o Pinho apresentou, o Allgarve tem actualmente a funcionar 34 campos de golfe, mas o objectivo estratégico dele, que é o de transformar a região compreendida dentro dos limites dos ditos campos num destino turístico de qualidade, se bem compreendi, é o de criar um total de 78 campos de golfe no futuro. Ora, numa média de 25 hectares de implantação por campo, o Allgarve terá 1950 hectares de campos de golfe, o equivalente a quase dois mil campos de futebol. Tudo isto feito pelos outros, claro. Ucranianos, esse tipo de gente, percebem? Ah, e pelos empresários, claro! Que nestas coisas o Estado tem de poupar.

domingo, 15 de julho de 2007

Blog Activista


A minha querida amiga Meg, autora do blog A Recalcitrante, atribuiu a O Anarquista o selo de “Blog Activista”. Agradeço-lhe muito esta distinção, vinda de uma mulher que não cala o que está errado no mundo que nos rodeia e que, com os seus artigos e ideias, em muito tem contribuído para a construção de um mundo melhor. Para conhecer as convicções e ideias da Meg, nada melhor do que visitar o seu blog e, sobretudo, ler e comentar os seus artigos.

Interpreto a ideia de Blog Activista como um espaço que não cala as suas convicções ao mesmo tempo que luta por elas. Há muitas formas de estar presente na blogosfera, usando a escrita como veículo de ideias, sentimentos, vivências. Como anarquista, faço do meu blog um espaço de luta contra o poder e contra o Estado. Não pretendo amenizar sensibilidades, que eventualmente veriam neste tipo de atitude uma forma terrorista de arrasar a vida em sociedade.

O anarquismo actual não é, a meu ver, aquele tipo de “bombismo” que assassinou reis, duques e arquiduques, no final do século XIX. Essa forma de anarquismo teve o seu lugar na História, que estudiosos e investigadores poderão agora analisar com o devido distanciamento. O anarquismo pelo qual luto integra a ideia de uma sociedade bem estruturada em que o Estado deixa de ser necessário. Uma sociedade em que todos os indivíduos são iguais em direitos e deveres.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

O Estado ganacioso

Há situações com as quais, como anarquista, me regozijo alarvemente. Neste caso, trata-se de uma verdadeira rabecada que o Estado português apanhou da Comissão Europeia, precisamente daqueles que o nosso governo respeita como deuses, acima de todas as coisas. Mais a mais, estando Portugal agora na presidência da União, devíamos estar acima de toda a suspeita, não é?

Mas não é este o caso. A Comissão Europeia acaba de fazer uma recomendação a Portugal, segundo a qual o Estado devia interromper de imediato a dupla tributação sobre os automóveis e reembolsar os contribuintes nos valores já cobrados e com os respectivos juros! Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. Segundo o secretário-geral da Deco, Jorge Morgado, “o mínimo que é exigido ao Estado é que cesse já com esta ilegalidade da dupla tributação”.

No entanto, o ministro das Finanças atreveu-se a afirmar que é apenas uma recomendação e não uma decisão final e que o processo ainda decorre. Ó ímpio! Ó herético! Desfazer assim nos deuses da sagrada União! Como anarquista, fico contentíssimo que alguém, alguma instituição, se digne pôr ordem nesta des-governação portuguesa. Toda ela feita de ganância, de arrecadar dinheiros que deviam mas era servir os contribuintes, os pobres cidadãos, já tão esmifrados por este Estado insocial não-socialista.