quinta-feira, 26 de junho de 2008

Quem tocaria nos divinos lucros?

Como anarquista, tenho desde sempre defendido, para mim próprio, uma posição apartidária, para que não se julgue que estou ou não a defender subrepticiamente este ou aquele partido. Não gosto de nenhum deles, especialmente porque todos eles visam a conquista do poder e de um lugar no Estado (do qual já dispõem, inerente à sua própria condição de partido político). Ora, a minha causa anarquista, como os meus amigos e visitantes bem conhecem, é o combate ao poder e ao Estado.

Estes considerandos prévios têm a ver com o facto de o PCP ter apresentado na Assembleia da República sete projectos de resolução para combater a crise social em que temos vivido, todos eles chumbados com os votos contra do PS - claro! - e abstenções e votos contra dos restantes, sim, restantes partidos da direita. Para uma ideia mais concreta sobre as propostas em questão, sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt.

Estou plenamente convencido de que os comunistas do nosso século perderam aquele terrível hábito, muito característico deles, de comer criancinhas ao pequeno almoço. O que, naturalmente, os tornava hediondos perante o olhar de qualquer pessoa civilizada do século passado. Por outro lado, embora possam ainda sofrer de algumas maleitas herdadas da sua tendência estalinista do passado, que muito me repugna, são importantíssimos baluartes, nos dias tremendamente neoliberais que correm, da democracia e dos direitos sociais. Por exemplo, uma das propostas que apresentaram no Parlamento recomendava a adopção de medidas para limitar o preço dos bens essenciais. Mas quem?, quem?, num sistema político dominado pelas grandes empresas, se atreveria a tocar nos seus tão divinizados lucros?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Sócrates beneficia pobres empresas

O nosso "amigo do povo", o Sócrates, veio "produzir" - como se diz agora nos media da moda - estas extraordinárias afirmações, perante uma vasta [sic] plateia de 200 empresários, em ralação [sic] às quais não resisto a fazer um pequeno resumo, que aviso desde já, poder chocar os últimos defensores da Democracia e seus ultrapassados princípios, do século passado, completamente fora de moda, como os do anarquismo, entre os quais me incluo...

Pois este não-engenheiro sublinhou, na passada sexta-feira à noitinha - digo isto porque tenho ideia de se ter falado nos "ligeiros atrasos do PM", de cerca de uma hora, mais coisa menos coisa, aos compromissos públicos (garanto que não estou a "boatar", não lhe vá dar o ataque de me processar, que lhe dão logo razão os recursos tribunalícios, e esta também é arriscada...) - sublinhou, repito, o compromisso do governo dele e do PS em continuar a reduzir os custos administrativos das pobres das empresas, especialmente os decorrentes (chique, hã?, à la Sôcrâtes) da relação com o Estado: que eu, pessoalmente, abomino, como sabem os meus amigos e visitantes.

Para mais esclarecimentos, sugiro que leiam esta notícia, no Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt. Daqui, julgo eu que ele vai ajudar o patronato a impor-se perante os reivindicativos trabalhadores, que têm a mania que querem emprego e que recusam a revisão do Código do Trabalho, os malandros. Vivaço, não é?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Manuel Alegre na luta contra a pobreza


O espírito tacanho que herdámos da longa noite fascista dificulta-nos frequentemente captar os novos fenómenos políticos que foram surgindo nesta era em que vivemos. Talvez possamos perder esta onda, se não fizermos um esforço para nos adaptar. Confesso que eu próprio sofro do mesmo mal, sempre que tento ver a política à maneira do século XX, do milénio que ficou para trás. No entanto, luto contra o comodismo, contra a acomodação, como anarquista que me prezo de ser.

Agitou os frios corredores do poder a recente atitude do Manuel Alegre, que resolveu participar activamente num comício contra as desigualdades e as injustiças sociais, que juntou em Lisboa militantes e apoiantes do Bloco de Esquerda e da Renovação Comunista, além de "históricos" do Partido Socialista. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt, para mais pormenores sobre este evento único.

Manuel Alegre, que declarou estar no comício para "quebrar o tabu e o preconceito segundo o qual as esquerdas não se podem unir", afirmou que "a pobreza é uma tragédia, não é uma fatalidade como a direita quer fazer crer, mas um problema estrutural que resulta de um esquema económico". Sendo assim, pergunto eu, porque motivo é que fazemos perdurar este mesmo esquema económico, conhecendo-lhe todos os defeitos e todas as terríveis consequências sociais? Seremos masoquistas? O que é que mantem no poder um PS que governa contra os cidadãos?