quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Sistema biométrico do poder

Como anarquista, não deixo de me surpreender com este “admirável mundo novo” da globalização neoliberal. Se não em todos, na esmagadora maioria dos casos, as inovações tecnológicas a que temos vindo a assistir servem muito mais os propósitos do complexo poder-empresas, do que os indivíduos, os cidadãos. A estes é dado aquilo que considero um papel instrumental, descartável. E a atestar este raciocínio está o facto indiscutível de que o desemprego aumenta de uma forma nunca vista antes. A produção e o lucro estão à frente da necessidade de o ser humano obter a sua realização através da actividade produtiva, criativa.

Vem este preâmbulo a propósito do facto de os funcionários da Direcção-Geral das Contribuições e Impostos passarem a ser controlados através de sistemas biométricos – mais um neologismo tecno-capitalista – que lêem as impressões digitais. Este sistema irá controlar a assiduidade dos trabalhadores, ao que dizem. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre este tema. Segundo os princípios sobre a utilização de dados biométricos, no controlo de acessos e assiduidade dos trabalhadores, aprovados – imagine-se! - pela Comissão Nacional da Protecção de Dados, a lei reconhece que o sistema se integra no âmbito dos poderes de controlo da entidade responsável pelo tratamento destes dados.

E não ficamos por aqui: o secretário de Estado da Saúde assinou, em Setembro, um despacho que determina a implementação do controlo de assiduidade biométrico nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Claro, como não podia deixar de ser, esta solução é vista com alguma reserva por parte dos sindicatos. Pelo meu lado, não existe reserva de espécie alguma, mas antes uma condenação liminar. É este o Estado e o poder que desejamos para os nossos cidadãos? Um novo Big Brother orwelliano?

sábado, 8 de dezembro de 2007

A telecontagem do governo

No Portugal dos nossos dias vigora uma nova espécie de regime político, caracterizado pela ausência de escrúpulos e de respeito pela lei. Como referi no post anterior, este novo al caponismo dita as suas ordens, ignorando o funcionamento tradicional da democracia representativa. E o que é mais assustador é que o Sócrates e seus capangas, bem assentes numa maioria absoluta, fazem dos cidadãos meros instrumentos da sua vontade. As pessoas, os indivíduos, os cidadãos afinal, deixaram de contar.

Acontece que a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) apresentou uma proposta ao governo, segundo a qual será o consumidor a pagar a utilização dos novos contadores de electricidade, que vão ser alterados. Vão ser seis milhões de contadores que vão ser substituídos por uma espécie de aparelhos digitais, que efectuarão aquilo que passaram a designar por telecontagem. Produtos deste admirável mundo novo. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre este tema.

Claro que está errado. A DECO já se opôs a que fossem os consumidores a pagar esta despesa, que devia ser suportada pela EDP. Na nossa vizinha Espanha, o governo deles deu indicações – imagine-se, tão democráticos! - para que esse custo fosse suportado pelos operadores, o que acho lógico. Afinal, são estes que beneficiam com o novo sistema. Ora, para não chocar o cidadão, o Manuel Pinho, o da Economia, disse que “por agora avançamos só com projectos-piloto”. Todos sabemos o que ele quer dizer. É que, na realidade, vão avançar. À custa do cidadão depauperado.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O novo al caponismo

Eu não vi, mas contaram-me que durante as intervenções da oposição, no debate sobre o Orçamento para 2008, o Sócrates não parava de atirar risadinhas de um lado para o outro, na bancada do governo. Como se os diversos líderes da oposição estivessem a contar montes de piadas ao hemiciclo, em plena Assembleia da República. Ora, estes distintos senhores – gostemos ou não da sua cor política – estão colocados atrás e por cima da bancada do governo, na tribuna dos oradores, pelo que não podem assistir ao que se passa lá por baixo deles, no sítio do governo. Se assim não fosse, não só eu, como eles, face ao comportamento do Sócrates, irritava-me à séria!

Este, entre tantos outros, é o sinal da arrogância que define o actual governo de Portugal. Estão de papo cheio, na maior, cheios de si, com as costas bem aquecidas com a maioria absoluta parlamentar que lhes faz todas as vontades. O Sócrates e seus escravos governamentais ditam a lei no Far-West português. Uns quantos empresários capitalistas regozijam-se com este paraíso e untam, bem untadas, as mãos de políticos e politiqueiros.

Como anarquista, todo este panorama me deixa perplexo, interdito. Não havendo lei nem ordem, nem Estado, nem governo digno desse nome, poderia dizer que vivemos no reino perfeito da anarquia. Mas... Não nos deixemos enganar: trata-se de um sistema muito bem organizado, com regras muito bem definidas e com um poder muito bem estruturado. Muito perigoso. É preciso ir decifrando atentamente as regras de conduta deste novíssimo al caponismo, para saber enfrentá-lo com as armas correctas. Os tempos da democracia representativa já lá vão.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Todos à pala no Dia B


Milhares de pessoas concentraram-se no dia B no Pavilhão de Portugal no Parque das Nações. Grande parte dos presentes é autor de blogues que, saídos do espaço virtual, ali vieram fazer uma manifestação inédita. Quase todos levaram uma pedra que colocaram sobre uma folha A4 no pavimento da pala do edifício. Cada folha que se foi pousando ao longo do dia, continha uma palavra de ordem dirigida ao poder, assinada com o nome do blog de origem.

Podiam também ser vistas algumas pessoas que, de megafone em punho, discursavam as suas ideias criando um cenário que fazia lembrar o londrino Speakers’ Corner.

Não parece existir nenhuma organização formal por detrás desta iniciativa. Tudo levando a crer que se trata de um movimento espontâneo, gerado pelas sinergias intrínsecas da blogosfera portuguesa. O presente texto terá sido divulgado entre os blogues, criando um efeito pirâmide que terá culminado nesta manifestação. A assinatura de uma petição online e a colocação de selos de adesão nas barras dos blogs terá assegurado a viabilidade e o sucesso da iniciativa.

Divulga este texto e verás no que isto vai dar!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Um amplo movimento popular


Tendo vindo a analisar a forma como o sistema político e económico actual funciona, cheguei a diversas conclusões, a primeira das quais é a de que o poder é escravo das regras das grandes corporações económicas. Vivemos numa época em que impera o neoliberalismo, uma forma mais selvática de capitalismo, caracterizada por negar qualquer intervenção reguladora do Estado na economia e por valorizar o lucro acima de tudo o resto, desprezando a pessoa humana. É sob este sistema que vivemos, não só em Portugal, como também no resto do planeta.

Angustiante, não é verdade? Não! Como anarquista, luto por uma sociedade diferente, igualitária, e continuo a acreditar firmemente que a mudança é possível. E dou um belo exemplo. Realizou-se ontem a manifestação da CGTP, que juntou, no Parque das Nações, cerca de 200 mil tabalhadores. No final da manifestação, o líder da central sindical, o Carvalho da Silva, afirmou que “pela sua dimensão e pelas suas características, hoje é um dia histórico” e acrescentou que agora “vão ampliar-se as alianças sociais e a luta dos portugueses”. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre este acontecimento.

Este é o caminho para que o sistema possa ser modificado. Juntar as massas em movimentos de contestação populares, independentemente do facto de serem ou não organizados por sindicatos ou centrais sindicais. Não ignoro que estas organizações dependem, de uma ou outra forma, de orientações político-partidárias e que os partidos políticos se aproveitam delas para os seus propósitos pró-sistema. Contudo, estas organizações também podem contribuir para mobilizar as massas, como foi o caso de ontem. O próprio anarquismo teve, há dois séculos, uma dimensão sindical, designada por anarco-sindicalismo. Acredito firmemente que será através de um amplo movimento popular que o sistema poderá, um dia, ruir.

sábado, 13 de outubro de 2007

Os números do poder

Sempre achei um jogo extraordinário, o dos números. Confesso que sempre fui muito mau jogador a esse nível, caso contrário, talvez tivesse já ganho nos casinos, no Totoloto, ou, até – quem sabe? - no Euromilhões! Mas vou fazer como o povo diz, cheio de razão, e tiro o meu cavalinho da chuva a esse respeito. Outros, esses sim, matemáticos de grande renome, bem souberam lidar com os números, como Pascal, honra lhe seja feita, especialmente por não ter sido em proveito próprio.

Contudo, largos anos de democracia familiarizaram os cidadãos com os números, para bem da ilustração de todos. Ora, o poder terá sido dos que mais cedo aprendeu a lidar com os números e a manietá-los muito bem, como ninguém ignora. A manipulá-los para proveito próprio, convencido de poder mais facilmente enganar o Zé Povinho, sempre distraído com a bola e as novelas. Embora eu próprio faça parte do povo que os governos pensam poder enganar facilmente, não deixo também de ser um anarquista atento, que detesta a manipulação, em geral, e a dos números, em particular.

Gostaria, assim, de dar destaque ao facto de o ministro do Trabalho e da Solidadiedade Social, o Vieira da Silva, ter dito que Portugal já tinha começado a inverter a tendência de crescimento do desemprego, ou seja – traduzindo para uma linguagem mais óbvia - que o desemprego estava a diminuir no nosso país. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. Ora, estas afirmações do ministro entram em conflito com os últimos dados do Eurostat, referentes a Agosto, que indicam uma subida da taxa de desemprego de 0,8% em Portugal, face ao período homólogo de 2006. Confrontado com esta discrepância, o Vieira da Silva, brilhante na sua argumentação, afirmou que “os balanços são feitos no final do ano”. Tal como o outro que dizia que prognósticos só no final... O que é lamentável é que, aqui, os números são bem reais. Os números do desemprego em Portugal.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Manifestações de rua!


Como anarquista e cidadão deste país declaro-me farto. É tal o nível de corrupção nas esferas do governo e do Estado, que não seriam suficientes rios de tinta do tamanho do Amazonas para denunciar tudo o que o que está errado nesta República das Bananas. Não é que, por enquanto, esteja disposto a abdicar do direito e dever de protestar, mas confesso que, dada a situação, a missão me parece hercúlea.

Por todo o lado surgem vozes isoladas de protesto, sucedem-se escritos de feroz crítica à governação Sócrates - das mais fascizantes a que assistimos desde que o Antigo Regime caiu - e, contudo, eles lá estão, de pedra e cal, urdindo as suas tramas anti-populares, como se não vivessem em regime democrático. Nalguns sítios chama-se a isto máfia, noutros cartel, noutros oligarquia, noutros ainda ditadura. Pelo meu lado, prefiro chamar-lhe autocracia.

Para já, encontro apenas uma solução para travar esta derrocada dos ideais democráticos: ir para a rua manifestar-se. Dispensando centrais sindicais e outras que tais. Organizar, ou fazê-lo apenas espontaneamente, manifestações de rua. Não violentas, bem entendido. Radicais, ferozes. Cheias de gente descontente, de povo revoltado. Enquanto o poder ocupa os seus gabinetes, o povo ocupa a rua, enfrentando as barreiras policiais. É este o caminho actual:

Manifestações de rua!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

MacCann! MacCann!

Regozijai-vos, ó povo! Venho dar-vos pasto para a má-língua! Esqueçam telenovelas e jogos de futebol! Esqueçam praias, discotecas, amantes, paixonetas, carros, empregos, promoções! Esqueçam todo esse lixo, porque vos vou dar melhor sucata. Depois, não se esqueçam de a pôr no Ecoponto, para lançar no desemprego aquele pessoal que separa o lixo nas fábricas da reciclagem dita ecológica. Perdão, económica!

MacCann! MacCann! Oh, néctar dos deuses! Supremo alimento da alma... Crime, mistério. Estamos a assistir ao maior logro da história dos media, desde a Casa Pia. Só que agora não é pedofilia dos Grandes, dos Senhores do Mundo. É Homicídio! Mataram a criança – não sabemos ainda como – e têm andado a contar-nos histórias da carochinha. Aos poucos, como convém, jornais e televisões vendem o produto MacCann com enorme sucesso. Primeiro, tivemos pena do pobre casal e andámos à procura do infame raptor. Agora, andamos à espera que o infame casal venha de Inglaterra. Para quê? Obviamente, para linchá-lo!

Mais uma vez, a comunicação social – portuguesa e inglesa – cumpre integralmente os seus objectivos: vender produtos consumíveis e descartáveis, para benefício dos seus proprietários e dos detentores do poder. Aos primeiros, oferece-lhes lucro, permitindo-lhes aumentar vendas e angariar clientes para a Publicidade; horas e horas nas têvês, espaço garrafal nos jornais e revistas. Para vender champôs, carros, perfumes, sabonetes, relógios, empréstimos, etc. e tal. Aos segundos, oferece-lhes o prato principal do exercício do poder: alienar as mentes, distraí-las do fundamental. Do facto de que estão no poder para usufruto dos benefícios de estar no poder.

(Publicado originalmente no blog Mentira!, com a data de hoje)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Contracorrente mudou de casa


Caros amigos e visitantes de O Anarquista,

É com um grato prazer que vos venho comunicar que o meu site Contracorrente: Alternativas à Globalização Neoliberal mudou de endereço electrónico. Desde 9 de Fevereiro de 2006 que tem estado alojado nas páginas pessoais gratuitas do Sapo - ao qual agradeço o facto de facultar a qualquer pessoa a criação da sua página pessoal, sem ter de pagar por isso - onde nasceu e foi crescendo.

Como anarquista, luto contra o poder e o Estado, numa atitude independente de partidos e/ou quaisquer outros interesses instalados, como não ignoram certamente. No entanto, além de anarquista, procuro também ser realista. Como diz a sabedoria popular, Roma e Pavia não se fizeram num dia... É por esse facto que estou consciente de quão utópico pode ser a construção de uma sociedade de acordo com as ideias do anarquismo. No entanto, pessoalmente acredito que é possível mudar o statu quo, o establishment, ou seja, falando em bom português, o actual estado das coisas. É para isso que aqui estou!

Em suma, o que quero dizer é que tenho editado o Contracorrente dentro desta mesma postura política. Temos que denunciar o capitalismo dominante e alertar as consciências para o facto de que este sistema neoliberal sob o qual vivemos está a minar todos os valores da democracia e a destruir os direitos dos cidadãos. E isto acontece, não só em Portugal, como também em todo o mundo. A globalização que o capitalismo nos tem imposto não serve, pura e simplesmente, as pessoas e a sua busca da felicidade e da realização pessoal.

A mudança de endereço do Contracorrente para o domínio www.contracorrente.info pretende melhorar as funcionalidades do site e, sobretudo, torná-lo independente de quaisquer regras que lhe queiram impor. É por esta razão que vos convido, desde já, a visitá-lo. Dispõe de uma actualização frequente de notícias nacionais, internacionais e culturais que podem - e devem! - ser comentadas, de um espaço para a apresentação de artigos de fundo, de sondagens sobre temas da actualidade, etc. Também tem um novo fórum, para o debate livre de ideias, e que está lá alojado. Em suma, passem por lá e deixem o vosso contributo. Para a construção de um mundo livre!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O infame tratado

Depois de o poder ter estado de férias, nos destinos exóticos que os seus patrocinadores empresariais lhes oferecem de mão beijada, ei-los de regresso, bronzeados e refrescados para nos impingir as suas típicas golpaças. Sempre a favor do povo, como gostam de dizer, aldrabando descaradamente.

Uma das golpaças que o Sócrates tem em mãos, desde o início do ano, desde que foi feito presidente da União Europeia - que tanto adora e reverencia - é impingir nas costas do povo o célebre "tratado reformador". Já no final do ano passado, a Angela Merkel, chanceler da toda-poderosa Alemanha, tinha cozinhado este tratado com todos os Estados membros da UE, com a ideia fixa de que fosse aprovado nas altas instâncias, sem consulta popular. Claro que, não só ela, como os outros governantes europeus, sabiam que submeter este tratado a referendo popular seria o fiasco total. Ninguém o aceitaria, pura e simplesmente. Aproveito para sugerir que manifestem a vossa opinião na sondagem que lancei no Contracorrente sobre esta questão.

Preparemo-nos, pois, para esta nova ofensiva socrática, exigindo um referendo a este texto infame. Embora o poder esteja convencido do contrário, aqui quem manda é o povo. É preciso é mobilizar-nos, despertarmos do marasmo em que a propaganda socialista se tem empenhado em manter-nos. Como diz a canção, "ir para a rua e gritar"!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

E o poder assim, tão de férias...




Vivam as férias! A praia, o sol, o descanso. Estar com a família, visitar os lugares mais belos deste nosso Portugal. Poder ir para o interior, para a beira dos rios e dos riachos, conhecer a floresta, comer ao ar livre. Viva! Só que... Parece que nem todos têm férias: há os que as têm repartidas, há os dos contratos precários que – logo por azar! - acabam antes de se poder gozar férias, há os que nem têm contratos nem trabalho, há os que ficam em casa, porque nem dinheiro têm para comer, quanto mais para férias... Enfim, lá vem o desmancha-prazeres do anarquista da esquerda folclórica a estragar o retrato das férias.

Como anarquista, sempre de baterias assestadas ao poder e ao Estado, confesso que me sinto frustrado. Então não é que todo o poder foi de férias? Onde é que estão os governantes? Os deputados? Os juízes? Onde é que está o poder Executivo? O Legislativo? O Judicial? Nem me atrevo a responder... Realmente, confesso que não li nenhuma cláusula constitucional que diga expressamente que “todo o cidadão tem direito a ter férias”. Claro que, nos Direitos, Liberdades e Garantias, este direito às férias há-de estar contemplado. Mais: tem de estar contemplado!

Como não tive férias este ano, porque sou um anarquista desempregado, muitos pensarão que estou aqui a exprimir o meu ressentimento e frustração. Não! Então, até estou de férias todo o ano... O que me admira é que o poder esteja assim, tão de férias. Não lhes nego esse direito, até porque, quando voltam, trazem um bronzeado de fazer inveja a qualquer anarca pelintra. Naturalmente que, dadas algumas tristes experiências recentes com a liberdade de expressão nos blogues, nunca me arriscaria a ter um processo em cima por difamar governantes, deputados, juízes que andaram a “dar o litro” enquanto os outros gozavam o seu direito constitucional às férias. Não, isso não. Nunca!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Portugal é um país de pobres e de miséria!




Há uma característica generalizada nas sociedades opulentas – ou naquelas que pensam que o são, como a portuguesa – que é o de terem aquilo a que eu chamo impiedosamente os seus “pobrezinhos de estimação”. Assim como quem diz que "sempre houve pobres e sempre haverá". Hipocrisia das hipocrisias! É evidente que, não só como anarquista, mas também como cidadão, condeno este conceito perverso, que mais não faz do que perpetuar a miséria e a pobreza.

Segundo o discurso oficial do governo do senhor Sócrates (designação que me traz um enorme prazer vingativo), Portugal vive no melhor dos mundos possíveis. Ou seja, todos sabemos que vivemos num país pobre, com poucos recursos, pouco dinheiro, etc., mas está-se agora a fazer o que nunca se fez antes. Uma política financeira equilibrada, sem défice público, investimento nas áreas económicas prioritárias, como os campos de golfe e os hotéis de cinco estrelas, criação de infraestruturas a pensar no futuro, como o novo aeroporto da Ota, por exemplo, que permitirá o aumento do fluxo de voos dos ricaços de e para todas as partes do mundo.

Contudo, ninguém ignora que este discurso oficial é mera propaganda, destinada a defender os interesses capitalistas que protegem o poder e o Estado. A realidade é bem outra e refiro aqui o mais importante de tudo. Portugal é um país de pobres! Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. De acordo com dados recentes, o número de famílias beneficiárias de rendimento social de inserção (RSI) subiu dez mil em três anos. O distrito do Porto ocupa o primeiro lugar em matéria de famílias beneficiárias de RSI: 39.179 famílias, em Junho de 2007. O distrito de Lisboa conta com 29.644 agregados, ocupando o segundo lugar.

Face a esta dura realidade, não será tempo de abandonar a ideia de que sempre houve pobrezinhos e começar realmente a lutar contra ela? Como anarquista convicto e cidadão deste país afirmo conscientemente que Portugal é um país de pobres e de miséria!

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Regime totalitário anti-sindical

Como anarquista, a minha missão neste blog é denunciar os erros e as trapaças do poder e do Estado, como os meus amigos e visitantes bem sabem. Por vezes, esta actividade perversa do governo é feita pela calada, com total desconhecimento da opinião pública. Noutras ocasiões, agora cada vez mais frequentes, ela é feita abertamente, com total desprezo pelos valores democráticos que orientam o regime político português.

Inscreve-se nesta última atitude - o total descaramento - a proposta que o governo apresentou na Assembleia da República sobre o exercício da actividade sindical por parte dos trabalhadores da Função Pública. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta indescritível manobra. Desta forma, o governo apresentou uma proposta de lei, segundo a qual apenas um em cada 200 trabalhadores – num máximo de 50 – sindicalizados do Estado poderá aceder ao crédito de quatro dias mensais remunerados para o exercício da actividade sindical. Segundo o Augusto Santos Silva, o ministro dos Assuntos Parlamentares, trata-se apenas – imagine-se! - de adaptar à Função Pública aquilo que já é praticado no sector privado.

Como é evidente, esta proposta de lei, apresentada à margem de quaisquer negociações com os sindicatos, mereceu as mais fortes críticas de toda a oposição, que falou em tentativa de limitar a liberdade sindical e de “impor as suas vontades como num regime totalitário”. Também a Frente Comum organizou uma vigília de protesto contra esta legislação em frente ao Parlamento. Pelo meu lado, também estaria presente nesta vigília, não fosse o caso de não ser trabalhador do Estado. Mais uma vez, este governo não-socialista cerceia liberdades garantidas na Constituição da República Portuguesa, baseando-se no poder absoluto de uma maioria absoluta. Por tudo isto digo:

CIDADÃOS FAÇAM A REVOLUÇÃO, JÁ!

terça-feira, 17 de julho de 2007

Finalmente, o Programa Allgarve!

O Manuel Pinho, nosso anedotíssimo ministro da Economia Feita Pelos Outros, lançou finalmente em Faro o seu célebre Programa Allgarve, alvo de tanta expectativa de há meses a esta parte. Como se pode ver pela foto ao lado, afiambrou-se especialmente para a ocasião, livrando-se da incómoda gravata que lhe travava os soluços da falta de habituação aos cocktail-parties que raríssimamente frequenta, por expressa indicação do Sócrates, desde o disparate da mão-de-obra barata lá na China.

Pois o Pinho, falando para uma esmerada plateia de empresários e dealers de turismo lícito e ilícito - que se fartaram de bocejar para dentro e para fora quando o ouviram falar em very, very exotic Portuguese – anunciou os seus objectivos programáticos, que incluem, como podem ler nesta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, precisamente dedicado a estas pérolas do nosso vigoroso capitalismo contemporâneo português, passe a publicidade, sempre importante nestas ocasiões festivas, hamm... Bem, retomando o fio à mealhada, que acabo de chegar de lá, dizia eu que os objectivos programáticos do Pinho podem ser lidos lá naquele meu site de turismo de que acabei de vos falar.

Pois bem, de acordo com os números que o Pinho apresentou, o Allgarve tem actualmente a funcionar 34 campos de golfe, mas o objectivo estratégico dele, que é o de transformar a região compreendida dentro dos limites dos ditos campos num destino turístico de qualidade, se bem compreendi, é o de criar um total de 78 campos de golfe no futuro. Ora, numa média de 25 hectares de implantação por campo, o Allgarve terá 1950 hectares de campos de golfe, o equivalente a quase dois mil campos de futebol. Tudo isto feito pelos outros, claro. Ucranianos, esse tipo de gente, percebem? Ah, e pelos empresários, claro! Que nestas coisas o Estado tem de poupar.

domingo, 15 de julho de 2007

Blog Activista


A minha querida amiga Meg, autora do blog A Recalcitrante, atribuiu a O Anarquista o selo de “Blog Activista”. Agradeço-lhe muito esta distinção, vinda de uma mulher que não cala o que está errado no mundo que nos rodeia e que, com os seus artigos e ideias, em muito tem contribuído para a construção de um mundo melhor. Para conhecer as convicções e ideias da Meg, nada melhor do que visitar o seu blog e, sobretudo, ler e comentar os seus artigos.

Interpreto a ideia de Blog Activista como um espaço que não cala as suas convicções ao mesmo tempo que luta por elas. Há muitas formas de estar presente na blogosfera, usando a escrita como veículo de ideias, sentimentos, vivências. Como anarquista, faço do meu blog um espaço de luta contra o poder e contra o Estado. Não pretendo amenizar sensibilidades, que eventualmente veriam neste tipo de atitude uma forma terrorista de arrasar a vida em sociedade.

O anarquismo actual não é, a meu ver, aquele tipo de “bombismo” que assassinou reis, duques e arquiduques, no final do século XIX. Essa forma de anarquismo teve o seu lugar na História, que estudiosos e investigadores poderão agora analisar com o devido distanciamento. O anarquismo pelo qual luto integra a ideia de uma sociedade bem estruturada em que o Estado deixa de ser necessário. Uma sociedade em que todos os indivíduos são iguais em direitos e deveres.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

O Estado ganacioso

Há situações com as quais, como anarquista, me regozijo alarvemente. Neste caso, trata-se de uma verdadeira rabecada que o Estado português apanhou da Comissão Europeia, precisamente daqueles que o nosso governo respeita como deuses, acima de todas as coisas. Mais a mais, estando Portugal agora na presidência da União, devíamos estar acima de toda a suspeita, não é?

Mas não é este o caso. A Comissão Europeia acaba de fazer uma recomendação a Portugal, segundo a qual o Estado devia interromper de imediato a dupla tributação sobre os automóveis e reembolsar os contribuintes nos valores já cobrados e com os respectivos juros! Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. Segundo o secretário-geral da Deco, Jorge Morgado, “o mínimo que é exigido ao Estado é que cesse já com esta ilegalidade da dupla tributação”.

No entanto, o ministro das Finanças atreveu-se a afirmar que é apenas uma recomendação e não uma decisão final e que o processo ainda decorre. Ó ímpio! Ó herético! Desfazer assim nos deuses da sagrada União! Como anarquista, fico contentíssimo que alguém, alguma instituição, se digne pôr ordem nesta des-governação portuguesa. Toda ela feita de ganância, de arrecadar dinheiros que deviam mas era servir os contribuintes, os pobres cidadãos, já tão esmifrados por este Estado insocial não-socialista.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Combater a corrupção

Carlos FerreiraComo anarquista, sou de opinião de que o instrumento de trabalho está para o trabalhador, como o corpo para o espírito. Trabalham para o mesmo fim e são indissociáveis. Vem esta reflexão a propósito do facto de ter estado ausente desta minha modesta casa - O Anarquista, onde é bem vindo quem vier por bem - devido a uma avaria do meu computador. Levei-o ao "médico" e voltou, já recuperado, permitindo-me novamente exercer a minha acção anarquista. Porque acho fundamental estar atento às manhas do poder e do Estado e denunciá-las, sempre que possível, para que não teçam nas nossas costas os seus conluios, elaborados com o objectivo de enganar o povo para satisfazer os interesses dos grandes. Ora, uma das armas que os governos utilizam para fazer valer a sua vontade é a corrupção.

Num estudo realizado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, coordenado pelo Professor Luís de Sousa, 51,9 por cento dos portugueses inquiridos elegeu os anos de 2000 a 2007 como "o período em que existiu maior corrupção em Portugal". Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. Ainda segundo este estudo, a maioria dos inquiridos (83,8 por cento) considera que, de um modo geral, o combate à corrupção em Portugal não é eficaz e atribuiu ao governo (45 por cento) a principal responsabilidade por essa ineficácia.

Vejo nesta análise diversos indicadores sobre a vida política portuguesa. Em primeiro lugar, os portugueses estão atentos à corrupção que grassa em torno do poder, contrariando a ideia de que somos um povo abúlico, desinteressado da vida política. Como anarquista, considero este facto um indicador muito positivo de que o povo ainda é a reserva de uma possibilidade de mudança, de revolução. Tenho dito frequentemente, também com base na opinião de ilustres pensadores de esquerda actuais, que o sistema neoliberal sob o qual vivemos poderá ser derrotado através de uma movimentação social significativa nesse sentido. Por outro lado, as pessoas não ignoram o facto de que a corrupção no Estado tem aumentado significativamente nestes últimos anos. O poder judicial não actua porque pactua silenciosamente com o executivo, deixando passar, prescrever, os principais processos judiciais anti-corrupção. Em suma, temos que estar atentos e não ignorar as tramas que o actual poder não-socialista tem tecido contra os interesses do povo.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Transparência democrática

Como anarquista, lamentavelmente há coisas que já nem sequer me surpreendem nesta política à portuguesa, dita democrático-parlamentar. Tendo em conta esta mesma definição, o regime político sob o qual vivemos atribui especial relevância aos partidos políticos com representação na Assembleia da República. Claro que penso que outros sistemas seriam possíveis, sem que se perdesse o fundamental da questão: a defesa do interesse do cidadão. Utopias, dirão uns. Realidades alternativas, digo eu, convicto.

Vem esta introdução a propósito do facto de o Tribunal Constitucional ter publicado no Diário da República um acórdão, segundo o qual este órgão de soberania detectou “ilegalidades e irregularidades” nas contas anuais dos partidos de 2004. Em consequência, o tribunal manteve a norma de enviar o acórdão à apreciação do Ministério Público. Procedimentos, burocracias, enfim... Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu Contracorrente a este propósito.

Não há partido político – nem um único - que escape a irregularidades e, mais grave ainda, ilegalidades nas suas contas. Ora, se tivermos em conta que nestas contas deveriam estar incluídos os donativos destinados às acções partidárias, o caso é grave. Podíamos dizer que, afinal, este acórdão se refere a contas de 2004. No entanto, pergunto-me: terá sido assim tão diferente nos anos subsequentes? Transparência é, em suma, qualidade que falta ao nosso regime tão, tão democrático.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

A greve geral e o fosso governantes-povo

Sob o ponto de vista anarquista, a greve geral de quarta-feira, 30 de Maio, foi um sucesso total. Tenho exprimido neste blogue, por várias vezes, a importância que têm as movimentações sociais contestatárias para a alteração do actual estado das coisas. Este sistema neoliberal capitalista em que vivemos só cairá se as pessoas - o povo, no seu todo - o desejarem e se derem a conhecer publicamente o seu descontentamento. Ora, foi isso que aconteceu ontem.

Terminado o dia de greve, seria de esperar a típica guerra de números entre governo e sindicatos. No entanto, inteligentemente, a CGTP, pela voz do seu secretário-geral, Carvalho da Silva, disse claramente “não entramos em guerras de números”. Foi desta forma que este dirigente sindical desmentiu a versão do governo de que a greve tinha sido apenas parcial e com efeitos limitados, ao mesmo tempo que deu exemplos de muitos sectores que pararam completamente ou funcionaram a meio gás. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu Contracorrente a este propósito.

Quando toda uma massa significativa de trabalhadores adere a uma greve geral, algo vai muito mal no governo do país. E os governantes, em vez de rebater com números e percentagens, deveriam tomar em linha de conta o que há de errado na sua política económica e laboral. Contudo, conhecendo a arrogância desta ditadura da maioria imposta pelo actual governo Sócrates-PS, o inverso é que seria de esperar e foi o que aconteceu: o poder nega cegamente o impacto da greve geral. Desta forma, mais uma vez se cava o fosso que separa os governantes do povo. De forma dramática.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

A zona deserta do governo

Tenho procurado seguir neste blogue uma linha editorial, segundo a qual dou principal destaque a factos e situações políticas menos conhecidas da opinião pública, precisamente porque essa é uma das formas através da qual o poder prefere actuar: pela calada, em suma. O que não retira, evidentemente, que ache importantíssimo, na minha acção anarquista, comentar os factos óbvios, os que são praticados descaradamente, com a convicção arrogante típica do governante instalado.

E foi o que aconteceu desta vez. O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações – pasta certamente muito pesada, dada a sua extensa designação salazarenta – o Mário Lino, considerou “faraónica” a construção do novo aeroporto de Lisboa na margem Sul do Tejo porque, segundo disse, se trata de uma zona deserta. Uma opção em relação à qual, mais uma vez, o Lino foi categórico e afirmou, em francês, Jamais! Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu Contracorrente sobre esta verdadeira anedota.

Ainda hoje, passados dois dias, e certamente nos tempos que se avizinham, os comentários do Lino ecoam e ecoarão ressentida e repetidamente na cabeça de muita gente, desde os líderes e deputados de todos os partidos com e sem representação parlamentar, passando pela maior variedade de comentadores políticos (entre os quais modestamente me conto), de académicos e autarcas, até ao homem e à mulher mais simples do povo, entre os quais também me conto. Todos justamente indignadíssimos com uma das maiores bujardas que um homem de Estado poderia atirar aos sete ventos. Suplantando, inclusivamente, os delírios tremendos do da Economia, o Manuel Pinho! Como anarquista regozijo-me prazenteiramente, pensando nos extremos auto-destrutivos a que a posse e o exercício do poder podem conduzir, não só um homem, como todo um governo.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Prémio Blog com Tomates


O Anarquista foi distinguido pelo Odysseus, autor do Blog da Nalga, com o Prémio Blog Com Tomates. Como anarquista convicto, empenhado numa luta feroz e interminável contra o poder e o Estado, só posso agradecer ao meu amigo Odysseus esta distinção, vinda também de um Blog com Tomates! Devo também nomear cinco vencedores deste prémio. São eles:
Parabéns! Ganharam o PRÉMIO BLOG COM TOMATES. Cada um deverá distinguir cinco blogues com este prémio e afixá-lo, se o desejar, no seu próprio blog. A todos os amigos e visitantes sem papas na língua que não pude distinguir, vai o meu agradecimento pelos seus comentários e blogues com tomates!

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Um despacho contra o direito à greve

Na actual fase deste campeonato político em que – mistério!... - todos os clubes ganham, embora só o governo some mais vitórias, ainda há situações que, pelo seu incrível, me continuam a espantar, não só como anarquista que me prezo de ser, mas também como cidadão de um “suposto” Estado democrático de tipo ocidental. Para que melhor possam compreender aquilo a que me refiro, sugiro que leiam esta notícia, que acabo de publicar hoje no meu Contracorrente.

O Teixeira dos Santos, sim, o ministro das Finanças, publicou um despacho na página de internet da Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) que cria junto deste organismo uma base de dados, na qual os serviços da administração directa e indirecta do Estado – ou seja, todos os serviços do Estado – têm de passar a inscrever “dados sobre o número total de trabalhadores e o número total de trabalhadores ausentes por motivo de greve”. Espantoso, não é?

Nem vale a pena mencionar a indignação que esta medida arbitrária causou junto dos sindicatos e organizações sindicais. Directamente e sem qualquer vergonha democrática, o governo faz passar por “via administrativa”, aquilo que eu qualificaria da mais fascizante tentativa de controlo sobre o direito à greve a que assisti nestes últimos 33 anos de democracia! Vendo aproximar-se o dia 30 de Junho, para o qual está prevista a greve geral da Administração Pública - que contará com a adesão da esmagadora maioria dos sindicatos e organizações sindicais do sector - o governo pensa, desta forma, assustar, desmobilizar, acobardar, os trabalhadores através de um despacho. Um despacho, como aqueles que o Salazar adorava assinar.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Fumadores, atenção às multas!

Venho, desde já, avisar os meus amigos e visitantes não-fumadores de que este post poderá ferir sensibilidades mais apuradas... No entanto, desafio-vos a lê-lo e a dizerem de vossa justiça, doa a quem doer! Como devem calcular, pela imagem que escolhi para o meu perfil de anarquista, sou fumador: não de cachimbo, mas de cigarros. E devo confessar que, dada a minha provecta idade para estas andanças (45 anitos que já cá cantam), devia mas era ter juizinho...

Vem esta introdução a propósito da proposta de lei sobre o tabaco que o ministro da Saúde – essa figura governamental tão simpática aos portugueses – o Correia de Campos, apresentou na Assembleia da República. Segundo poderão constatar através desta notícia que publiquei no Contracorrente, de acordo com esta “brilhante” proposta, as multas aplicadas aos fumadores de tabaco serão mais pesadas do que as que estão em vigor para os consumidores de drogas ilícitas, como a cocaína ou a heroína!

Segundo esta original lei – tão ao gosto da Europa comunitária e dos States, refira-se – fumar em lugares proibidos obriga a uma multa que vai de 50 a 1000 euros. Por seu lado, a multa aplicada aos consumidores de drogas proibidíssimas, situa-se entre os 25 e os 403 euros. Grande diferença, não acham? Por acaso, não tenciono consumir heroína nem cocaína, mas até parece que compensa, sob o ponto de vista económico... Em suma, mais uma lei fascizante de um governo democrático-ditatorial.

domingo, 6 de maio de 2007

Paraíso Natural


No extremo ocidental do continente europeu existe um território que mergulha no vasto oceano Atlântico, oferecendo aos navegadores visões de brumas, falésias e vastos areais. Nas deambulações de um Homero inventado pelos homens, um Odisseus, ou Ulisses, ou outro navegador inventado pelas epopeias que não foram ainda escritas pelos homens simples, mas que vogam no imaginário de todos, à espera de nunca serem escritas, embrenhou-se pelo Mediterrâneo dentro e conheceu terras paradisíacas, jamais imaginadas. Sofreu perigos, desventuras, como os homens as sofrem na sua longa, demasiado longa e curta afinal, viagem pela existência, e encontrou também momentos de paz, como todos os homens, ainda que longe da sua pátria.

Ulisses atreveu-se, desafiou os deuses e atravessou as colunas de Rodes, intransponíveis obstáculos delimitando o Mediterâneo do resto do mundo desconhecido. E era o Atlântico. O mar vasto e indomável de altas ondas e ventos agrestes, propício à precipitação dos navios nas suas profundezas escuras. Quando pensou em escrever este episódio tão inaudito, Homero adormeceu. Mas Ulisses ignorou-o e enfrentou o temido mar-oceano até chegar à vasta foz de um enorme rio, onde ele e a sua tripulação repousaram. E ali adormeceu, até que Homero o acordasse e o fizesse regressar com ardente desejo à sua bem-amada e fiel Penélope. A que fez e desfez o tecido do seu amor por um único homem único.

Os que séculos depois vieram habitar as margens desse rio e a sua vasta foz nunca esqueceram o seu herói fundador e deram-lhe um nome em sua memória, que ainda hoje permanece vivo na imaginação de todos os habitantes do extremo ocidental da Europa. Porque, com a passagem dos séculos, os povos invasores, todos os novos invasores de ontem e de hoje, não lhes roubaram o seu mais precioso bem. A vasta foz de um rio onde a imaginação do guerreiro repousa ainda.



Este meme "Paraíso Natural" foi-me gentilmente passado pelo Zé Lérias. Ofereço-o agora às minhas queridas amigas Leo, Meg e Mariazinha. Para compreendê-lo, basta clicar aqui.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Oscarino 2007 - Categoria "Política"


O blogue O Sino da Aldeia distinguiu a 28 de Abril o nosso O Anarquista com o Oscarino 2007 - na Categoria "Política", ex aequo com o blogue Tiromante, prémio que muito nos orgulha e que sinceramente agradecemos ao nosso amigo jpg - o sineiro, criador desta distinção.

O trabalho que desenvolvo neste espaço como anarquista convicto destina-se a denunciar os erros do poder e do Estado - que, como os nossos amigos e visitantes sabem, são inúmeros! - e a combater todas as formas de governo que se impõem à natural vontade dos cidadãos. Luto aqui por uma sociedade livre de governos, onde todos os cidadãos sejam livres e iguais e possam escolher a forma de organização que melhor sirva os seus interesses colectivos. Viva a Anarquia!

Começo por dedicar esta causa ao meu grande amigo Jorge e também a todos os meus amigos e visitantes. A todos aqueles que têm usado, através dos seus comentários e ideias, um dos bens mais preciosos da democracia: a Liberdade de Expressão.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Tu, ó Sócrates, não estás esquecido



Apesar de todo o poder das modernas tecnologias - tão apregoadas como uma espécie de panaceia universal para todos os males de que sofre esta mal globalizada sociedade capitalista em que sobre-vivemos – o computador deste vosso amigo anarquista pifou! Deu-lhe o badagaio. Desmaiou, ou teve um AVC, ou um enfarte do ardeuére, sei lá. Teve que ir para o médico de Informatologia e ficou internado desde o passado 24 de Abril até hoje, pobrezinho.

Tendo em conta que esta máquina de que vos estou a falar conta quatro anos de existência, imaginem o que poderá acontecer ao Plano Tecnológico do Sócrates – bem ampliadinho na fotografia, para não termos dúvidas sobre a pessoa a que me refiro, licenciado ou não (deixem lá isso, pobrezinho do senhor...) – se o dito plano depender de computadores novinhos em folha: ao fim de quatro anos dá-lhes também o badagaio e lá se vai a Microsoft-Educação por água abaixo... A menos que o Portas, o Gates lá das américas, ofereça umas quantas máquinas pr'a compensar.

De qualquer forma, venho aqui dizer-vos que, após estas peripécias terceiro-milenaristas, o anarquista que me prezo de ser continua atento aos erros, falácias e absurdos cometidos pelo senhor da foto e seus amigalhaços do poder. Porque, tanto quanto sei, o país, este nosso Portugal dos Pequeninos, continua tão miserável como estava antes das recentes não-comemorações do 33º aniversário do 25 de Abril. Agora tão longínquo (parece que foi há 50 anos, não é?) e, sobretudo, tão esquecido...

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Thinking Blogger Award

O Anarquista recebeu a 20 de Abril do blogue Recalcitrante e a 22 de Abril do blogue O Corcunda da Torre do Tombo o prémio Thinking Blogger Award, um selo para colar no próprio blogue, que promove a divulgação de memes (genes culturais de Richard Dawkins) e que implica a eleição de '5 Blogues Que Me Fazem Pensar'.

E os meus eleitos são:
Parabéns, ganharam um ! O Anarquista agradece esta distinção aos queridos amigos Meg e Corcunda e, como não podia deixar de ser, a todos os amigos e visitantes deste blogue anarquista; amigos que, com as suas ideias e comentários, seriam igualmente merecedores deste prémio.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Barómetro Anarquista

Ânimo do Povo

Passado mais de um mês, ou coisa que o valha, a falar da licenciatura do Sócrates – que ainda é, convém lembrar, o primeiro-ministro deste país, seja ele engenheiro ou doutor, ou nem por isso – penso que já é altura de começar a falar de coisas sérias, como é costume naqueles que alguns consideram os “esquerdistas folclóricos”, categoria política que, ainda por cima, não creio existir. De anarquistas convictos, sim, já ouvi falar.

Que tal, para variar, falar um bocado do estado em que se encontra este país e do que dele tem feito o poder e o Estado? Porque, para começar, parece-me que pouco se anda a fazer, excepto poupar, poupar e poupar. O défice público lá vai melhorando, ao que dizem, mas não estou convencido de que esteja tão bom que convença os desmancha-prazeres de Bruxelas. E o povo português continua a apertar o cinto, convencidíssimo de que melhores dias virão... Será? Ou será este apenas o pobre imaginário propagandístico do governo?

O custo de vida aumenta desmesuradamente e a banca enriquece como nunca se tinha visto na nossa história recente. Por seu lado, as empresas fecham. Deslocalizam-se, para usar o novo verbo neoliberal capitalista. E ainda, para cúmulo, os políticos da maioria, os socialistas de dentro e de fora do poder, enaltecem o brilhantismo dos seus sucessos, como se Portugal estivesse já próximo de um El Dorado que os castelhanos, no seu devido tempo, não encontraram. Dando uma mirada ao nosso Barómetro Anarquista, constatamos claramente que nunca o ânimo do nosso povo esteve tão em baixo.

terça-feira, 10 de abril de 2007

O TACHO

Como anarquista, este mundo nunca pára de me surpreender. Naturalmente que me refiro às esferas do poder porque, quando a tudo o resto, umas vezes surpreendo-me, outras não. Contudo, há um microcosmo político muito especial onde, neste país, surgem as coisas mais mirabolantes: o das autarquias locais. Confesso que lamento este facto, na medida em que o anarquismo deposita grandes esperanças no poder local. Só que.. não é no português com certeza!

Ora, acontece que a Polícia Judiciária está a investigar a contratação de assessores políticos e técnicos por parte dos vereadores e partidos da oposição na Câmara de Lisboa. Conforme tive ocasião de informar nesta notícia que publiquei no Contracorrente, em causa estão suspeitas de eventuais “ilegalidades na contratação do elevado número de assessores, abuso de poder e falsificação de documentos para pagar horas extraordinárias a avençados que nunca puseram os pés na Câmara”, segundo afirmou fonte da PJ. Em Julho de 2006, existiam, segundo o próprio presidente de Câmara, o Carmona Rodrigues (na foto), 152 assessores, cuja despesa anual rondava os 2,9 milhões de euros!

Francamente, desejo os melhores sucessos - e... boa sorte! - à PJ nesta investigação, para que alguma coisa possa ser feita. Digo-o porque as artimanhas do poder são inúmeras e é enorme a sua capacidade de mascarar as situações mais escandalosas. Apesar do 25 de Abril e da Constituição da República Portuguesa, o poder em Portugal continua a viver, ainda e sempre, do mesmo. Do que o povo sempre chamou o TACHO!

domingo, 25 de março de 2007

Não licenciado? Deixa lá, dótor!

O jornal Público, no legítimo exercício da liberdade de informação consagrada na nossa Constituição - para mal de muitos membros do poder, que bem gostariam de ver, não só esta, como tantas outras liberdades abafadas – resolveu investigar recentemente a carreira académica do primeiro-ministro, o nosso bem tristemente conhecido José Sócrates. E este respeitável órgão de comunicação da nossa praça descobriu irregularidades e falhas no processo conducente à sua licenciatura, apresentadas nesta notícia, cuja leitura sugiro. Depressa esta investigação se tornou num facto político que, como anarquista, me sinto no dever e prazer de comentar.

Divulgada esta situação, logo se levantou um pé de vento – como refiro nesta notícia que publiquei no Contracorrente - com o principal partido da oposição, o PSD, a exigir esclarecimentos ao gabinete do Sócrates, como se de elevada matéria de Estado se tratasse. Vai daí, o gabinete do primeiro-ministro emite uma nota em resposta (infeliz, a meu ver), assinada pelo Sócrates, na qual este considera “lamentável que se utilize a situação actual da Universidade Independente para se atingirem os seus antigos alunos” e “lastimável que o jornal Público se disponha a dar expressão e publicidade a este tipo de insinuações”. Insinuações? A dura e crua realidade, digo eu!

Sendo assim, o que é que está em questão nesta pequena polémica desta pequena República das Bananas (RB)? Para mim, como anarquista convicto - que não chegou a concluir o seu curso de História, diga-se em abono da verdade – o ponto fulcral é este e só este: enquanto que, na maioria dos países europeus considerados desenvolvidos e nos tristes States de má memória, todos os simples licenciados são tratados por “Senhor”, à compreensível excepção dos médicos (porque estudaram muito, muito mais anos do que os outros e se especializaram, basicamente, soando as estopinhas do allgarve), nas RB são tratados por “Doutor”; mesmo aqueles que nem sequer o são, efectivamente... Agora concluo: o que este país tem sofrido às mãos dos dótores e córónéis que se têm instalado no poder e no aparelho de Estado, ao longo de décadas de pura ignorância!

terça-feira, 20 de março de 2007

Completa insanidade

Este governo não pára de nos surpreender. Pergunto-me inclusivamente se não será esse o propósito das suas acções políticas, diria mesmo que para encobrir outras situações ainda mais dúbias e democraticamente condenáveis, que não seria do interesse destes governantes que caíssem na praça pública, por medo do linchamento popular. Porque isto é um facto: só recebemos a informação que os media nos transmitem. A outra, confidencial, muito confidencial, só o Estado é que conhece.

Como anarquista, venho aqui insurgir-me contra um novo facto criado por este governo e que classificaria, pelo menos, de surrealista. O ministro da Economia, o Manuel Pinho – sim, o da gaffe da mão-de-obra barata portuguesa, lá na China – fez, na sexta-feira passada, o lançamento de uma nova campanha de promoção do turismo do Algarve, envolvendo uma brutalidade de um investimento de nove milhões de euros. E qual foi o nome que atribuiu a todo este projecto? Allgarve! Com dois "l"!

Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no Contracorrente a propósito desta completa insanidade. Naturalmente, não se fizeram esperar a indignação e a revolta por parte de autarcas e políticos do Algarve. Por exemplo, o presidente da Junta Metropolitana do Algarve, o Macário Correia, afirmou que o primeiro-ministro, o Sócrates, “deve ajuizar se este ministro está em condições de continuar no cargo”. Pelo meu lado, evidentemente que acho que não. Se toda esta situação não fosse dolorosamente real, eu diria que era até uma boa anedota sobre o actual governo de Portugal.

quinta-feira, 15 de março de 2007

O HOMEM

Ex.ma Senhora,

A Ex.ma Sra. Eng.ª tem as suas opiniões bem formadas, não haja dúvida. Devo dizer-lhe que também sou um grande fã de Belmiro de Azevedo. Este homem simples e benemérito fez de Portugal algo! Tendo queimado as suas preciosas pestanas a estudar como um louco devorador de livros, na qualidade de modesto estudante Universitário de Química Industrial no Porto, não perdeu, por esse facto, a sua amplíssima visão.

O que é que este Homem - sim, em maiúsculas - idealizou para e concretizou em e, ainda, desenvolveu em... Portugal? Qual D. João II, o Príncipe Perfeito, que alargou o nosso comércio às longínquas paragens d'África, Belmiro de Azevedo, o Homem, deu ao nosso País nova Gesta.

Este HOMEM - não, não exagero com as maiúsculas - transformou Portugal num enorme, vastíssimo Hipermercado! Dando a todo um povo novo sentido para suas vidas, ricos e pobres, favorecidos e desfavorecidos pela sorte, como é da natural ordem das coisas. Com sua Obra ofereceu-nos a Ideia de... Comprar Barato.

Tal como o fez outro grande Povo, o chinês, com uma enorme, enorm.ma, diferença: as roupas não se rasgam, os sapatos não se descosem, as ferramentas não se partem, etc. etc. etc. - sim, muitos et coetera, como já escreviam e diziam os romanos do tempo do Ex.mo Sr. Imp.dor Júlio, César de seu sagrado apelido.

Concluindo, Car.ma Sra. Eng.ª, guardo deste HOMEM a m.or admi.ção!

C. M.res Cump.s,

Dr. M. ......... A.
(Ass ileg.l)

(Publicado originalmente no blog do Zé Lérias, Terapias Inocentes - http://terapias-inocentes.blogspot.com - no post “Chácara ou Paraíso”, da autoria do Zé Lérias - http://terapias-inocentes.blogspot.com/2007/03/chcara-ou-parazo.html, com ligeiras alterações)

terça-feira, 13 de março de 2007

A metamorfose política assustadora



Cada vez mais assisto a uma metamorfose política assustadora do governo que nos coube em triste sorte. Como anarquista, tenho assumido aqui uma acção de denúncia dos erros e abusos do poder. É por esse motivo que venho novamente denunciar outra facada cometida por este governo aos interesses do cidadão, que de socialista só tem o nome. Sugiro que leiam a esta notícia que publiquei no Contracorrente a propósito desta nova traição.

O governo vai encarregar entidades privadas de fundos de pensões de gerirem dez por cento – 600 milhões de euros – do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social. Isto significa que, pura e simplesmente, o Estado abdica de parte das suas responsabilidades. Por outro lado, também sugere subliminarmente que o próprio Estado reconhece a sua incompetência para gerir a coisa pública. Nesse caso, para que serve? Porque é que dispõe de funcionários, muitos deles competentes e subaproveitados? Outros, até, despedidos.

Numa atitude que me parece semelhante à de “salvar a face” - não nos esqueçamos que o governo se imagina socialista – o secretário de Estado da Segurança Social, o Pedro Marques (confesso que não o conhecia, senão da foto que publico, onde ele está à direita, em ponto pequeno...), disse que a gestão dos 600 milhões de euros de reservas públicas será através de concursos com “regras rigorosas”. Naturalmente, não ignoramos a natureza destes concursos. Sem regras, nem rigor. No entanto, o que considero ainda mais grave nesta decisão é a entrega a empresas privadas, de cariz capitalista, do dinheiro dos cidadãos. É esta a metamorfose deste governo, de que falei no início. Metamorfose de socialista em neoliberal.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Mas que grande ordenado!


O Paulo Macedo, o brilhante director-geral do Impostos!

Aqui vai mais um dos motivos pelos quais continuo a achar a minha acção como anarquista fundamental, no contexto desta política à portuguesa, que nunca deixa de nos surpreender. O Expresso avançou na terça-feira com um “furo”, segundo o qual o Paulo Macedo, o director-geral dos Impostos, ia abandonar o cargo que ocupa desde 2005, onde era considerado um ás. Acontece que o Paulo Macedo ganhava, no exercício desta função, mais de 23 mil euros brutos!

De acordo com a lei vigente, qualquer pessoa que ocupe um cargo no funcionalismo público não pode ganhar mais do que o primeiro-ministro, ou seja, um pouco mais de 5.360.85 euros. Portanto, o Paulo Macedo – por qualquer milagre ou manigância política – estava a ganhar uma brutalidade vergonhosa. Embora eu próprio tenha procurar apurar desde quando é que esta situação vigorava, não consegui saber, o que também me leva à conclusão de que a informação de que os cidadãos dispõem está controlada, amordaçada.

O Teixeira dos Santos, que é o ministro das Finanças e, portanto, o superior hierárquico do Paulo Macedo tentou, e cito o Expresso, “encontrar outras formas de remuneração que permitissem a Macedo continuar”. Seria uma casa com piscina à beira-mar, uma oferta por baixo da mesa de dois carros topo de gama, benefícios fiscais, participação como accionista numa das empresas do Estado? Mistério... Mas o Macedo, teimoso, não quis e prefere voltar para o BCP, onde era quadro (topo de gama). Para finalizar, digam-me lá, se não é de acabar, definitivamente, com tanto abuso?

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Mais uma escandaleira política

A Câmara Municipal de Lisboa tem sido cenário das piores tramas da política nacional, de tal forma que eu, como anarquista, não resisto a comentar e denunciar o que se tem passado por lá. Ora, o vice-presidente da Câmara, o Fontão de Carvalho, foi constituído arguido há mais de dois meses no âmbito do processo dos prémios de gestão, no valor de 180 mil euros, atribuídos aos administradores da EPUL. Só que decidiu, apesar disso, manter-se em funções!

E lá continuou o Fontão, apesar de arguido num processo judicial, a exercer o seu cargo público com a maior naturalidade. No entanto, na semana passada, lá resolveu reconhecer a sua situação publicamente, mantendo-se embora em funções, “com a consciência tranquila”, como afirmou. Só no dia seguinte é que – finalmente! - decidiu suspender o seu mandato.

Claro que depois de toda esta escandaleira, em que até o presidente da Câmara, o Carmona Rodrigues, manifestou a sua “solidariedade pessoal” ao Fontão, andam todos a pensar em eleições intercalares. Mais uma vez, fico boquiaberto com a facilidade com que a corrupção se instala no poder político. É-se arguido num processo judicial, pois sim, continuo em funções, mas não digo nada a ninguém... Eu, que sou anarquista, não proponho eleições intercalares, mas a extinção da Câmara, tal como a conhecemos.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Uma derrota da democracia parlamentar

Francamente, não sei se devo regozijar-me ou lamentar o referendo sobre o aborto que ontem teve lugar. É que, para mim, as questões envolvidas em todo este fenómeno são tão complexas que me deixam o raciocínio em suspenso, talvez ao contrário de tantos comentadores e políticos, tão seguros das suas verdades.

Leia o artigo completo

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Acabar com o tomate



Mais uma vez, Bruxelas empenha-se em dar cabo deste cantinho à beira-mar plantado: De acordo com uma nova proposta, irá lançar um novo modelo de “ajudas”, segundo o qual os produtores de tomate serão pagos mesmo que não produzam! Sugiro que leiam esta notícia que publiquei sobre isto no Contracorrente.

Tendo sido produzidas 1210 toneladas de tomate na campanha de 2005-2006, Portugal – para que se veja – é o segundo maior produtor mundial de tomate, depois da Califórnia. Agora, digam-me só se não é incrível que Bruxelas pague para que, em última instância, se deixe de produzir! Como anarquista e cidadão deste país, revolto-me contra estas políticas comunitárias a que estamos sujeitos.

Pertencemos a uma União Europeia de super-ricos, com produções excendentárias, que preferem deitar fora a sua produção alimentar a, por exemplo, canalizá-la para países que sofrem o pesadelo da fome. E o nosso governo continua impávido e sereno a aceitar todos estes ditames. A escravizar-nos à Europa.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Mudança de casa

Caros amigos,

Esta é a nova casa d'O Anarquista. Lamento não ter informado os meus amigos e visitantes antecipadamente, mas a minha mudança da plataforma do Sapo para esta do Blogger foi tão súbita, que não me deu tempo, pelo que peço as minhas desculpas. Irei contactá-los o mais rapidamente possível, para que me visitem aqui e... mudem os vossos links!

Espero que gostem desta nova morada, onde continuarei a desfazer o poder de alto a baixo, como é minha convicção de anarquista, e como tem sido a minha missão desde que me conhecem.

Obrigado e Viva a Anarquia!