sábado, 13 de outubro de 2007

Os números do poder

Sempre achei um jogo extraordinário, o dos números. Confesso que sempre fui muito mau jogador a esse nível, caso contrário, talvez tivesse já ganho nos casinos, no Totoloto, ou, até – quem sabe? - no Euromilhões! Mas vou fazer como o povo diz, cheio de razão, e tiro o meu cavalinho da chuva a esse respeito. Outros, esses sim, matemáticos de grande renome, bem souberam lidar com os números, como Pascal, honra lhe seja feita, especialmente por não ter sido em proveito próprio.

Contudo, largos anos de democracia familiarizaram os cidadãos com os números, para bem da ilustração de todos. Ora, o poder terá sido dos que mais cedo aprendeu a lidar com os números e a manietá-los muito bem, como ninguém ignora. A manipulá-los para proveito próprio, convencido de poder mais facilmente enganar o Zé Povinho, sempre distraído com a bola e as novelas. Embora eu próprio faça parte do povo que os governos pensam poder enganar facilmente, não deixo também de ser um anarquista atento, que detesta a manipulação, em geral, e a dos números, em particular.

Gostaria, assim, de dar destaque ao facto de o ministro do Trabalho e da Solidadiedade Social, o Vieira da Silva, ter dito que Portugal já tinha começado a inverter a tendência de crescimento do desemprego, ou seja – traduzindo para uma linguagem mais óbvia - que o desemprego estava a diminuir no nosso país. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. Ora, estas afirmações do ministro entram em conflito com os últimos dados do Eurostat, referentes a Agosto, que indicam uma subida da taxa de desemprego de 0,8% em Portugal, face ao período homólogo de 2006. Confrontado com esta discrepância, o Vieira da Silva, brilhante na sua argumentação, afirmou que “os balanços são feitos no final do ano”. Tal como o outro que dizia que prognósticos só no final... O que é lamentável é que, aqui, os números são bem reais. Os números do desemprego em Portugal.

10 comentários:

  1. Sim, a criação de 150.000 postos de trabalho só poderão ser questionados no fim da legislatura. É óbvio que os números nunca irão ser atingidos, mas enquanto forem entretendo o povinho com bola, novas basílicas e eixos norte-sul pode ser que consigam desviar a ãtenção dos mais incautos. Chama-se a isso marketing, mas muito fraquinho...
    Saudações.

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  2. Este governo ainda há-de caír em desgraça, exactamente devido ao flagelo do desemprego, que lhe serviu de bandeira eleitoral. Cá se fazem, cá se pagam.
    Cumps

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  3. O povo cansar-se-á da propaganda e marketing dos novos senhores do poder!

    A História é implacável!
    O pior é que não vai, normalmente, a tempo de ressarcir as suas vítimas.

    Abraço

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  4. Estamos fartos de ser números. Governar deixou de ser o acto de governar pessoas para passar a ser a arte de manipular números. Podemos vencer, as suas armas são poderosas mas nós somos em maior número!
    Um abraço anarquista

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  5. Viva.

    Encontrei este blog enquanto pesquisava por Anarquismo, visto ter aproveitado o documentário da RTP, Fátima na Rússia, para tentar prestar uma homenagem a Kropotkine.

    http://liverdades.wordpress.com/2007/10/15/196/

    Já agora, que tal uma troca de links?

    Cumprimentos.

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  6. Parece-me que a matematica e a logica dos numeros muda por completo quando se é politico. Dois mais dois deixam de ser quatro para ser o que um politico queira. tal como como quatro vezes cinco não são 20 mas aquilo que a circunstancia proporciar. Há os numeros da logica da matématica enquanto ciencia e há os numeros da logica politica enquanto arte de enganar. São as matematicos aprendidas nas universidades partidária. Recordem só as inumeras esbarradelas com que os orçamentos por mais insignificantes que sejam têm. A questão concreta, do desemprego apesar de não ser insignificantes é bem a prova disso.
    Sauações anarquas
    António delgado

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  7. Só agora é que tive oportunidade de visitar este blogue. Dou-lhe os meus sinceros parabéns por este espaço. Gostei do blogue por ser mais um (entre tão poucos hoje em dia) que ainda vão dizendo algumas verdades, bastante incomodativas por sinal, sobre a presente situação em que nos encontramos.

    Sobre este post... A verdade é una: nós não temos emprego, nós estamos cada vez mais pobres, eles ganham fortunas, eles têm boas vidas e assim será por muito mais anos, até ao dia em que decididamente faremos algo que mudará esta realidade por completo. Para tal é preciso que haja vontade... e isso, infelizmente, é coisa que falta muito por estas nossas bandas.

    E aproveito para dizer... não deixe de visitar o novo Involução:

    http://involucao.blogspot.com

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  8. Caro Amigo Savonarola,
    Parabéns pela abordagem deste tema. Como me diz que é preciso apontar soluções aqui vai a minha proposta!
    Não costumo ver televisão. Ainda ontem quis ver um programa que me foi aconselhado, mas fiquei escandalizado com o intervalo que nunca mais acabava e fui deitar-me porque tudo tem o seu preço e o daquele o daquele intervalo era inaceitável.
    Por isso perco pérolas da inteligência dos governantes que temos.A «lata» com que nos atiram poeira para os olhos é uma falta de respeito imperdoável pela nossa inteligência, que não diminui por apertarmos o cinto insistentemente.
    Se o resultado da comparação entre períodos homólogos deste ano e do anterior, mostram aumento do desemprego, só por grande milagre, este aparecerá diminuído no fim do ano!
    Há porém, uma solução para que isso aconteça e que não está fora do alcance destes descarados políticos. É simplesmente dar a cada assessor dois ou três assessores, à semelhança dos assistentes que deram aos deputados.
    Se fizerem isso, darão emprego a todos os filiados no partido e granjearão muitos mais filiados, principalmente se tornarem esta solução extensiva às empresas públicas, institutos, autarquias, forças de segurança, forças armadas, etc.
    Não faltará dinheiro para isso, bastando aumentar os impostos, fazer empréstimos, aumentar a venda de certificados de aforro, obrigações do tesouro, ou contas poupança.
    A propósito, reparou no afã de captar mais dinheiro dos incautos, para contas tipo PPR geridas pelo Estado?
    Pergunte-se aos Governantes em que condições está o Fundo de pensões dos militares. Se em vez de terem descontado para ele, tivessem colocado o dinheiro a prazo ou em fundos de investimento num banco, teriam hoje mais proventos.
    A vigarice não tem limites, o mal é começar!!!
    Um abraço

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  9. Boas... Não sou matemático, mas parece-me que em Portugal a pobreza das pessoas é uma fórmula de cálculo exponencial para baixo contínua e constante... 2 MILHÕES a raiar a pobreza ou bem dentro dela. Outros 2 MILHÔES mal pagos e mal empregados... Só somos 10 milhões e á volta de 5 Milhões activos professionalmente (segundo os "números"...). Está bonito, está... E com comentários deste tipo da parte dos " gajos" que nos governam, palavras (e números) para quê? Bem haja. Liberdade Sempre. Eht Refrus

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  10. Conta corrente , não está em dia , por isso voltei
    Os numeros não falam e quem os escreve faz a sue modo
    Saudações amigas

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