sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Um amplo movimento popular


Tendo vindo a analisar a forma como o sistema político e económico actual funciona, cheguei a diversas conclusões, a primeira das quais é a de que o poder é escravo das regras das grandes corporações económicas. Vivemos numa época em que impera o neoliberalismo, uma forma mais selvática de capitalismo, caracterizada por negar qualquer intervenção reguladora do Estado na economia e por valorizar o lucro acima de tudo o resto, desprezando a pessoa humana. É sob este sistema que vivemos, não só em Portugal, como também no resto do planeta.

Angustiante, não é verdade? Não! Como anarquista, luto por uma sociedade diferente, igualitária, e continuo a acreditar firmemente que a mudança é possível. E dou um belo exemplo. Realizou-se ontem a manifestação da CGTP, que juntou, no Parque das Nações, cerca de 200 mil tabalhadores. No final da manifestação, o líder da central sindical, o Carvalho da Silva, afirmou que “pela sua dimensão e pelas suas características, hoje é um dia histórico” e acrescentou que agora “vão ampliar-se as alianças sociais e a luta dos portugueses”. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre este acontecimento.

Este é o caminho para que o sistema possa ser modificado. Juntar as massas em movimentos de contestação populares, independentemente do facto de serem ou não organizados por sindicatos ou centrais sindicais. Não ignoro que estas organizações dependem, de uma ou outra forma, de orientações político-partidárias e que os partidos políticos se aproveitam delas para os seus propósitos pró-sistema. Contudo, estas organizações também podem contribuir para mobilizar as massas, como foi o caso de ontem. O próprio anarquismo teve, há dois séculos, uma dimensão sindical, designada por anarco-sindicalismo. Acredito firmemente que será através de um amplo movimento popular que o sistema poderá, um dia, ruir.

7 comentários:

  1. Um amplo movimento popular silenciado? Não, não há ninguém capaz de calar 200 000 pessoas! Aqui ou na Birmânia a força dos movimentos dos povos levanta mundos. Na Avenida da Liberdade, no Parque da Nações ou no Pavilhão de Portugal, estaremos lá!(parece até que os nomes foram escolhidos para erguer as nossas vozes e não para eles desfilarem as suas vaidades!...)

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  2. Boas...não me parece que tenham perdido o sono por causa desta manifestação... Liberdade Sempre. Eht Refrus

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  3. Acho que o grande capital não se inquieta minimamente com estes movimentos. Até me parecem que nos no dias de hoje, estes movimentos, fazerem parte da coreografia social, entre opressores e oprimidos entre explorados e exploradores etc. Ou seja são parte de um espectaculo que só é pleno se existirem . Entrou para o nosso imaginario. Não passa de espetaculo que de certa maneira legitima ainda mais o poder no seu sentido histórico. É nestas bases sociopoliticas que se define a vida moderna, mas sobretudo o de espectaculo moderno. E este define negativamente o povo ( massa, proletariado), como o unico aspeirante a uma vida histórica..ao que parece esta continuará a ser como sempre foi : a dos senhores.

    Um abraço de um anarquista.

    Antonio

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  4. Obrigado pela visita caro Savonarola. Caso não tenha alguma objecção, irei linkar o seu blog no meu Involução.

    Sobre este post... Concordo com a visão do comentário anterior, feito pelo Antonio Salgado. De facto, estas manifestações, como quais quer outras, já fazem parte desta grande máquina. Basicamente, são o escape que os senhores nos dão para podermos dizer alguma coisa: reclamar, barafustar, mostrar a nossa posição. Mas todas estas nossas manobras de nada valem, eles até se divertem com isto! Quem cria o sistema somos nós, com esta nossa passividade e conformismo. Se não conseguimos lutar, seguindo as regras estabelecidas pelos comandantes da máquina, então façamos nós as nossas regras... Se fizermos o jogo deles, nada irá mudar.

    Um abraço anarquista.

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  5. Para mudar é preciso coragem, determinação e organização. Como disse o "herege" o sistema somos nós que o mantemos, somos nós, com a nossa falta de coragem que pouco ou nada fazemos para o alterar. Não amigos, enquanto os 200 mil não forem 2 milhões nada a fazer. Os sindicatos já pouco mais podem mobilizar (alguns funcionários públicos e pouco mais) no sector privado onde a nova escravatura mais se reflecte, os trabalhadores são confrontados com o despedimento se metem a "pata" na poça. Onde se nota mais a escravatura é nas grandes e médias superfícies controladas pela sonae do Belmiro e não só, 90% ou mais dos trabalhadores são a recibo verde. Pergunto: é ou não preciso coragem para esta gente fazer greve? se fazem, rua!!! se reivindicam algo, rua!!!!, e depois quem alimenta os filhos? quem ajuda nas despesas da casa? claro só às escondidas é que toda esta massa de escravos podem incorporar uma simples manifestação, porque quanto a greve.........

    Com o cutelo da globalização como arma de arremesso sobre os trabalhadores (quem quer, quer, se não querem fecha-se o fábrica) e governantes medíocres, o poder centra-se no grande capital explorador, voltamos ao sec. XVIV (trabalhas, recebes o teu salário, o que queres mais?)

    Quanto a mim, só com a ajuda do povo explorado se consegue. Cabe a vocês, rapaziada mais jovem encontrar o caminho, eu estarei sempre na primeira linha para colaborar e lutar.

    Um abraço revolucionário

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  6. Estou de acordo, só assim conseguiremos fazer ouvir a nossa voz, a voz do povo.
    Mas continuo a dizer que a altura certa para mudarmos é precisamente no dia H, o dia das eleições.
    E também reconheço que esse dia aparece de 4 em 4 ou de 5 em 5 anos, mas as mentalidades ainda não estarão suficientemente elucidadas para pôr em prática essa tal mudança. Será preciso mais trabalho de casa, mas o dia chegará. O mundo gira e nós giramos juntamente com ele.
    Saudações do Marreta.

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  7. Um amplo movimento popular ! Só se for para ver alguma estrela pop ou para entornar uns copázios, porque de resto estás arrumado. Boa semana

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